16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Gangrena de Fournier em mulher diabética usuária de inibidor do cotransportador sódio-glicose tipo 2: relato de caso

Fundamentação/Introdução

A gangrena de Fournier é uma infecção grave de tecidos moles profundos, caracterizada por fasciíte necrosante do períneo. Conforme alerta da Food and Drug Administration (FDA), o uso de antidiabético da classe dos inibidores do cotransportador sódio-glicose tipo 2 (iSGLT2), dentre eles a dapaglifozina, pode estar relacionado ao risco de desenvolver esta enfermidade.

Objetivos

Relatar possível associação entre Gangrena de Fournier e iSGLT2.

Delineamento e Métodos

Estudo observacional tipo relato de caso.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 48 anos, portadora de Diabetes mellitus tipo II não insulino-dependente em uso contínuo de metformina, glicazida e dapaglifozina, além de obesidade grau I e tabagismo. Iniciou quadro de dor, endurecimento e eritema em coxa direita próxima ao períneo, se automedicou com cefalexina. Após 7 dias sem melhora, procurou pronto atendimento quando foi prescrito ceftriaxona para tratamento de infecção de partes moles, porém no 11° dia da terapia, evoluiu com piora da lesão associada a dor intensa, febre e astenia, tendo diagnóstico de gangrena de Fournier. Prontamente submetida a desbridamento cirúrgico da lesão, junto a troca de antibiótico para cefepime, clindamicina e teicoplanina, e iniciou oxigenioterapia hiperbárica. Foram coletadas culturas de secreção da lesão e hemocultura, ambas negativas. Na internação os antidiabéticos orais foram substituídos por insulinoterapia. Após 28 dias de antibioticoterapia venosa de amplo espectro associado à oxigenioterapia hiperbárica, a paciente evoluiu com melhora clínica e laboratorial, recebeu alta hospitalar após 38 dias de internação com complementação terapêutica via oral com ciprofloxacino e Bactrim por 14 dias. A nível domiciliar manteve tratamento local com curativo e laser, tendo cicatrização total da ferida após 5 meses da intervenção cirúrgica.

Conclusões/Considerações Finais

No caso em questão a paciente apresentava diversos fatores predisponentes para o desenvolvimento da gangrena de Fournier, como diabetes mellitus, obesidade e tabagismo, sendo assim, difícil estabelecer uma relação causal direta ao uso de dapaglifozina. No entanto, pelo mecanismo de promover glicosúria, este fármaco pode aumentar o risco de surgimento de infecções geniturinárias graves como esta. Portanto, a despeito dos excelentes benefícios atribuídos ao iSGLT2 em pacientes diabéticos e cardiopatas, a medicação deve ser descontinuada sempre que haja suspeita infecciosa.

Palavras Chave

Gangrena de Fournier, Fasciíte necrosante, inibidor do cotransportador sódio-glicose tipo 2

Área

Clínica Médica

Instituições

Irmandade de São João Batista de Macaé - Rio de Janeiro - Brasil, Programa de Residência Médica da Secretaria Municipal de Saúde de Macaé - Rio de Janeiro - Brasil, Secretaria Municipal de Saúde de Macaé - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

XIAOXIN WU, FERNANDA ARAUJO ROCHA, DRIELLY SILVA FURTADO, GLAURA MARTHA FLORIM TERRA