16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

ASCITE PANCREÁTICA: ANÁLISE DO MANEJO CLÍNICO E CIRÚRGICO - RELATO DE CASO.

Fundamentação/Introdução

Ascite pancreática (AP) é uma entidade incomum na prática clínica, tendo sua etiologia, geralmente relacionada à manipulação cirúrgica do pâncreas. O desenvolvimento de ascite pancreática secundária a um insulto agudo de pancreatite é um evento raro e inesperado, justificando a ausência de abordagem diagnóstica e terapêutica bem consolidada e universalmente aceita.

Objetivos

Descrever um caso de ascite pancreática secundária à pancreatite aguda e a dificuldade diagnóstica e terapêutica do caso.

Delineamento e Métodos

Paciente do sexo masculino, 38 anos, tabagista, etilista crônico ativo, usuário de drogas ilícitas, o qual deu entrada na emergência com clínica de trombose venosa profunda em membro inferior esquerdo, porém apresentava história de distensão e dor abdominal leve, vômitos com duração de 01 mês associado à perda ponderal. Ao exame físico o abdome apresentava-se ascítico. Exames laboratoriais constataram presença de anemia normocítica e normocrômica, leucocitose (12.100/mm³), plaquetose (500.000/mm³), albumina 3,6, amilase 2989 U/L. A análise do líquido ascítico apresentou celularidade 2400 células/mm³ (polimorfonucleares 1538, monomorfonucleares 684), albumina 2,4g/dL, com um Gradiente de Albumina Soro-Ascite de 1,2.

Resultados

Assim sendo, foi conduzido com dieta zero devido a hipótese de pancreatite aguda, iniciado ceftriaxona 2g/dia pela possibilidade de se tratar de um peritonite bacteriana espontânea. Na USG de abdome total não foram observados sinais sugestivos de hepatopatia crônica. O paciente seguiu internado, porém mantendo aumento do volume abdominal associado a ganho de 12kg em 5 dias. Realizada nova paracentese com retirada de 4,8L de líquido ascítico de caráter sero-sanguinolento no qual foi solicitada a dosagem de amilase, com resultado de 2385U/L, confirmando a suspeita de AP. Diante do diagnóstico foi tentada paracentese evacuadora com estratégia terapêutica com o objetivo de bloquear eventual fístula pancreática que estivesse alimentando a formação da ascite. Diante da falha, dessa estratégia, com persistente acúmulo de líquido peritoneal, foi optado por transferência para serviço de cirurgia para realização de infusão de octreotide e eventual correção cirúrgica.

Conclusões/Considerações Finais

O presente caso ilustra o raro evento de uma AP secundária a um surto de pancreatite aguda. Diante disso, profissionais médicos devem estar atentos às possibilidades de diagnóstico diferencial e do algoritmo diagnóstico das ascites.

Palavras Chave

Ascite pancreática. Pancreatite aguda. Abordagem.

Área

Clínica Médica

Autores

GESILDA NEUSA SILVA DE BRITO, ISABELLE THAYS DE FREITAS RAMOS, MICAELLE SHAYANNE TENÓRIO CALADO PEREIRA, IGOR PAIVA DOS SANTOS, BERNARDO TIMES DE CARVALHO