Dados do Trabalho
Título
Espondilodiscite infecciosa por Elizabethkingia Meningoséptica - um relato de caso
Fundamentação/Introdução
Elizabethkingia meningoséptica é uma bactéria gram negativa, não fermentadora, considerada emergente e multirresistente, amplamente distribuída na natureza, mas rara em seres humanos, acometendo preferencialmente indivíduos imunossuprimidos ou em condições debilitantes (neoplasia, tuberculose, diabetes, bacteremia, pós-operatório). Pode ocorrer em ambiente hospitalar por meio de colonização em ambientes úmidos e equipamentos médicos. Pode, ainda, levar mais comumente a meningite, pneumonia, infecções de partes moles e sepse, sendo rara a descrição sobre acometimento ósseo.
Objetivos
Relatar um caso de espondilodiscite infecciosa causada por Elizabethkingia meningoséptica.
Delineamento e Métodos
As informações obtidas foram extraídas a partir do prontuário e entrevista com o paciente.
Resultados
Homem, 41 anos, admitido em ambiente hospitalar devido a trauma abdominal penetrante por arma branca, sendo submetido a laparotomia exploratória devido lesão de víscera oca necessitando de 3 reabordagens em decorrência de infecção cavitária, com internação prolongada em UTI (aproximadamente 30 dias, muitos deles em ventilação mecânica). Fez uso de antibioticoterapia de amplo espectro devido sepse abdominal e pneumonia associada a ventilação mecânica. Evoluiu com aparente controle de foco infeccioso, apesar de ainda manter febre após procedimentos e término de esquemas antimicrobianos. Realizou tomografia de abdome de controle sem evidência de infecção intracavitária, porém com imagem sugestiva de espondilodiscite de L5-S1, sendo então submetido a ressonância magnética (RNM) de coluna lombossacra que confirmou a hipótese supracitada. Fora então realizada cultura de fragmento ósseo de L5 com crescimento de E. meningoseptica, resistente a todos os betalactâmicos e aminoglicosídeos porém sensível a ciprofloxacino tendo realizado curso deste antimicrobiano com melhora clínica e RNM de controle evidenciando desaparecimento completo dos sinais de espondilodiscite.
Conclusões/Considerações Finais
Concluímos que, infecções por E. meningoséptica são raras em adultos imunocompetentes, porém podem ocorrer em situações de internação prolongada e pós procedimentos cirúrgicos em hospitais com colonização por este microorganismo, como foi evidenciado no caso acima. Observamos ainda a rara relação entre esta bactéria e infecções ósseas, porém a alta propensão à resistência antimicrobiana e agravamento da condição clínica do paciente, tornando fundamental a lembrança deste microorganismo como agente causal diante de espondilodiscites infecciosas.
Palavras Chave
Bacteremia; Espondilodiscite; Sepse; Antimicrobiano
Área
Clínica Médica
Categoria
Área Acadêmica
Autores
LUCAS VIEIRA AMORIM, JADE GOMES DA COSTA MEDEIROS , ZAIRA CRISTINA BARBOSA ASSIS, BYRON MAIA FEITOSA , FERNANDA GABRY SCAZUZA GOMES DE SOUZA