16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Colite isquêmica: uma manifestação rara do Lúpus Eritematoso Sistêmico

Fundamentação/Introdução

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica autoimune e multissistêmica. Durante o curso da doença, a Colite Isquêmica pode aparecer como uma complicação, sendo esta grave e rara, com incidência de 0,2% e definida como resultado da interrupção do fluxo sanguíneo das artérias que irrigam o intestino grosso.

Objetivos

Relatar uma complicação grave e rara do LES: a Colite Isquêmica.

Delineamento e Métodos

Relato de caso: I.S.S, sexo feminino, 28 anos, com diagnóstico de LES, mantendo tratamento com azatioprina, hidroxicloroquina e predinisolona, com seguimento irregular. Deu entrada no pronto socorro (PS) com hematêmese e hipotensão, associado a dor abdominal. Ao exame apresentava-se descorada, desidratada, taquicardica, taquipneica, com extremidades má perfundidas e dor difusa a palpação abdominal sem visceromegalias.
A investigação evidenciou anemia severa e atividade da doença com plaquetopenia (Hb=4g/dl e plaquetas=60.000), VHS e PCR elevados, consumo de complemento (CH50, C3 e C4 diminuídos) e anti-DNA reagente. Uma tomografia computadorizada (TC) de abdômen mostrou alterações compatíveis com colite isquêmica e pancreatite crônica. A conduta foi estabilização hemodinâmica, seguida por pulsoterapia com metilprednisolona por três dias e ciclofosfamida (1grama).
Após 4 dias da pulsoterapia, reagudizou a dor abdominal, localizada em hipocôndrio direito, afebril, sinais de colestase e elevação de enzimas hepáticas canaliculares. Nova TC evidenciou dilatação do colédoco e ducto pancreático principal, levando à hipótese de colangite aguda. Optou-se pela introdução de Ceftriaxone e metronidazol, com melhora significante do quadro abdominal. Paciente recebeu alta com prednisona (1mg/Kg/dia) e complementação antibiótica; embora ainda mantivesse anemia significante (Hb=9,7g/dl).

Resultados

Após 5 dias da alta, paciente retorna ao PS com hemorragia digestiva alta maciça; a endoscopia digestiva alta mostrou esofagite isquêmica. No mesmo dia a paciente apresentou novos episódios de enteriorização de sangramento e enterorragia em grande quantidade, novamente com anemia severa (Hb=4,4g/dl) e instabilidade hemodinâmica. Evoluiu com óbito.

Conclusões/Considerações Finais

A colite isquêmica é uma complicação rara no LES, porém grave. Dor abdominal aguda, com ou sem sangramento gastrointestinal baixo, deve suscitar esta hipótese, a fim de abreviar o tempo para o diagnóstico e possibilitar tratamento precoce, minimizando seu impacto ao indivíduo.

Palavras Chave

Colite isquêmica, Lúpus Eritematoso Sistêmico, autoimune.

Área

Clínica Médica

Instituições

UNISA - São Paulo - Brasil

Autores

ANA CECILIA DORNELAS CAMARA DE OLIVEIRA, LUCIA STELLA SEIFFERT ASSIS GOULART , THAYS LOPES ALVES, LORENA LOURENÇO DA CRUZ DE CARVALHO, EDUARDA SOARES CARDUM