Dados do Trabalho
Título
Desafios Diagnósticos e Terapêuticos da Crise Epiléptica em Geriatria
Fundamentação/Introdução
Convulsões e epilepsia são comuns em idosos. Quase metade das novas crises ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos. Reconhecer as convulsões na população geriátrica é um desafio devido à natureza paroxística da condição e à apresentação sutil.
Objetivos
Relatar o caso clínico e manejo de uma paciente idosa que desenvolveu o primeiro episódio de crise epiléptica.
Delineamento e Métodos
Paciente de 87 anos, viúva, evangélica, aposentada, natural e procedente de município no interior do Rio Grande do Norte, compareceu ao ambulatório de geriatria acompanhada por filho com queixa de crise convulsiva há 45 dias.
Resultados
Segundo informante, a senhora apresentou episódio de crise tônico-clônica com duração de 2 minutos, com período pós-ictal prolongado (sonolência nas 48 horas seguintes), sem perda esfincteriana. Acompanhante afirmou que no dia do episódio, houve administração de diazepam pela cuidadora. A paciente foi internada no Pronto Socorro do município em que reside e, segundo informante, vinha apresentando esquecimento iniciado há 3 anos de caráter flutuante, o qual não permitia o reconhecimento de familiares em determinados momentos, ao passo que chegou a apresentar alucinações auditivas e visuais, sem desinibição comportamental. Na avaliação geriátrica ampla, foi constatado déficit visual, instabilidade postural, déficit cognitivo, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, doença arterial coronariana, risco nutricional e polifarmácia. Em exame de tomografia computadorizada de crânio, foi constatada redução volumétrica encefálica com focos hipoatenuantes na substância branca dos hemisférios cerebrais compatíveis com microangiopatia e calcificações ateromatosas nas artérias carótidas e vertebrais.
Conclusões/Considerações Finais
A presença de multimorbidade e polifarmácia aumentam a propensão a crises epilépticas e dificultam seu diagnóstico. Crises tônico-clônicas costumam ser menos frequentes, enquanto a demência se constitui como um dos fatores de risco de recorrência. Porém, idosos com episódios únicos e sem alteração estrutural do sistema nervoso central, orienta-se a postergação da terapêutica específica até que a segunda crise ocorra, visto que a maioria não a apresentará desde que haja a correção de fatores precipitantes. Assim, optou-se por orientar a paciente e seu cuidador a respeito da prevenção de quedas, além da redução na dose de antipsicótico risperidona e adição de memantina à terapêutica, com o acompanhamento ambulatorial a cada 15 dias.
Palavras Chave
Única convulsão; Crises epilépticas; Indicação terapêutica.
Área
Clínica Médica
Categoria
Área Acadêmica
Instituições
UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
MARIA CLARA DE ARAUJO JALES, GIMINIANA ALINE DE LUCENA, ISABELLE CANUTO RABELO BARBOSA, LUCAS SILVA MEDEIROS, FRANCISCO BELISIO DE MEDEIROS NETO