16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Neurocriptococose por Cryptococcus gattii : Um Relato de Caso

Fundamentação/Introdução

A criptococose é uma das doenças fúngicas invasivas mais comuns, neurocriptococose quando acomete o sistema nervoso central. Os agentes são Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. Enquanto epidemiologia e manifestações de infecções por Cryptococcus neoformans são bem descritas, tais aspectos de casos por Cryptococcus gattii são menos conhecidos. Inicialmente restrito a áreas tropicais e subtropicais, o Cryptococcus gattii está se disseminando em locais de clima temperado, de modo a ganhar relevância epidemiológica mundial.

Objetivos

Relatar caso de neurocriptococose por Cryptococcus gattii em paciente imunocompetente.

Delineamento e Métodos

Paciente masculino, 37 anos, tabagista 30 maços-ano, imunocompetente, teste de HIV negativo. Internado para tratamento de pneumonia, devido à queda de mesmo nível com posterior sonolência e confusão mental. Punção lombar: proteínas 105 mg/dL, glicose 19 mg/dL, leucócitos 225 células/mm³, linfócitos 93% e crescimento de Cryptococcus gattii. Evoluiu com rebaixamento de nível de consciência persistente e necessidade de intubação orotraqueal, com posterior traqueostomia. Realizada derivação ventricular externa e posterior derivação lombar externa devido à hipertensão intracraniana (HIC). Iniciado fluconazol endovenoso e anfotericina B, com melhora clínica e alta hospitalar com fluconazol via oral. Retornou após interromper tratamento no 42º dia, por cefaleéia parietal, bilateral, súbita, sem febre. Tomografia computadorizada de crânio sem sinais de HIC e laboratório apresentava leucocitose.

Resultados

Foi reintroduzido fluconazol e realizada punção lombar: pressão de abertura 10cmH2O, proteínas 86 mg/dL, glicose 25 mg/dL, cloro 120 mg/dL, hemácias 18 células/mm³, leucócitos 300 células/mm³ (53% neutrófilos e 32% linfócitos), bacterioscopia e cultura para fungos negativas. Estabeleceu-se diagnóstico de reativação de neurocriptococose por má adesão ao tratamento. Após 4 dias de internação, alta com fluconazol 300 mg ao dia por um ano.

Conclusões/Considerações Finais

O caso ilustra desfecho clínico favorável de infecção por Cryptococcus gattii. Porém, pode haver manifestações graves, como HIC. Logo, o diagnóstico precoce é essencial, a fim de evitar o desfecho fatal. Apesar da falta de ensaios clínicos randomizados, há evidências sugerindo o uso de terapia antifúngica combinada na fase de indução, de corticoide sistêmico para modular a resposta inflamatória, e de azólicos de amplo espectro nas fases de consolidação e manutenção do tratamento.

Palavras Chave

Cefaleias secundárias. Meningite Criptocócica. Infecção por Cryptococcus gattii.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Universitário Cajuru - Paraná - Brasil, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Paraná - Brasil

Autores

ANA LAURA CAMARGO STURM, LUÍSA ARCOVERDE ABBOTT, MARIANA DE OLIVEIRA TRINTINALHA, GIBRAN AVELINO FRANDOLOSO, LIAMARA PETROLI