16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

O PAPEL DA DEPRESSAO NA ASSOCIAÇAO ENTRE A SINDROME DO RISCO COGNITIVO MOTOR E COGNIÇAO EM PESSOAS DA MEIA-IDADE E IDOSAS: EVIDENCIAS DO ESTUDO ELSI-BRASIL

Fundamentação/Introdução

Apesar da associação entre depressão e a Síndrome do Risco Cognitivo Motor (SRCM), uma condição pré-demencial prevalente em idosos, ainda não se sabe o papel da depressão na relação entre a SRCM e comprometimento cognitivo, sobretudo em pessoas de meia-idade.

Objetivos

Avaliar a associação da SRCM com desempenho e comprometimento cognitivo em pessoas de meia-idade e idosos e verificar se depressão modifica a relação entre essas condições.

Delineamento e Métodos

Estudo transversal com participantes sem demência ou incapacidade física do Estudo ELSI-Brasil, uma amostra nacionalmente representativa dos brasileiros ≥ 50 anos. A SRCM foi definida como queixa subjetiva de memória e velocidade da marcha ≤ 1 desvio padrão conforme sexo e idade. Depressão foi avaliada pela escala validada do Center for Epidemiological Scale Depression (CES-D). A associação da SRCM com z-escores de cognição global, orientação, memória e fluência verbal foi avaliada por regressão linear ajustada para fatores sociodemográficos, clínicos e do estilo de vida. A relação da SRCM com comprometimento cognitivo foi examinada por regressão logística, sendo ainda investigada interação entre a SRCM e depressão.

Resultados

Um total de 7.131 participantes com média de 62 anos, sendo 53% mulheres. Aqueles com a SRCM, sendo 6,5% das pessoas de meia-idade e 7,3% das pessoas idosas, apresentaram pior desempenho cognitivo global comparados aos participantes sem a SRCM, tanto entre adultos de meia-idade (β = -0,30; IC 95% = -0,45, -0,14; p<0,001) quanto entre os idosos (β = -0,23; IC 95% = -0,36, -0,11; p<0,001). A SRCM também se associou ao dobro de chance de comprometimento cognitivo, independente da faixa etária. No entanto, a depressão modificou a associação entre a SRCM e comprometimento cognitivo em pessoas de meia-idade (p-valor da interação = 0,02). Entre adultos de meia-idade sem depressão, a SRCM não foi associada ao comprometimento cognitivo. Em contrapartida, entre pessoas da meia-idade com depressão, a SRCM quase triplicou a chance de comprometimento cognitivo (aOR=2,7; IC 95% = 1,6, 4,4; p<0,001).

Conclusões/Considerações finais

A SRCM associa-se a pior desempenho e comprometimento cognitivo em pessoas ≥ 50 anos. Porém, a depressão modifica a relação da SRCM com comprometimento cognitivo na meia-idade. A triagem de depressão pode ajudar os profissionais de saúde a identificar pessoas com a SRCM ainda em idade precoce com maior chance de comprometimento cognitivo.

Palavras Chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês - São Paulo - Brasil, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Paranaense - Paraná - Brasil

Autores

ANA BEATRIZ DOS SANTOS SERRAGLIO, JOÃO PAULO QUESSADA ALIBERTI, MÁRLON JULIANO ROMERO ALIBERTI