16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: VASCULITE COM GATILHO DE DENGUE

Fundamentação/Introdução

As vasculites correspondem à inflamação da parede dos vasos, intermediada por mediadores imunológicos. O vírus da dengue (DENV) pode ser um fator precipitante para o quadro de vasculite.

Objetivos

Relatar o caso clinico de vasculite sistêmica associada ao anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA), compatível com poliangiíte microscópica (PAM), desencadeada pelo DENV.

Delineamento e Métodos

Paciente masculino, 46 anos, admitido em hospital terciário com relato de um quadro de cefaleia, astenia, mal-estar geral, tosse seca e sudorese de início há 17 dias. Evoluiu com dispneia e tosse com escarro hemoptoico sendo realizados os seguintes exames: hemograma (anemia normocítica/normocrômica e leucocitose), proteína C reativa (20,10mg/dL), urina 1 (hematúria e proteinúria), ureia (124mg/dL), creatinina (5,9mg/dL), sorologias para HIV, sífilis e hepatites virais negativas. Na tomografia de tórax apresentou infiltrado pulmonar bilateral. Foi administrado ceftriaxona e claritromicina por 7 dias. A broncoscopia confirmou hemorragia alveolar, com a pesquisa de bacilos ácido-álcool-resistentes e lavado broncoalveolar negativos para infecção. Hemoculturas negativas. Evoluiu com insuficiência renal aguda, caracterizando síndrome pulmão rim. Apesar da possibilidade de capilarite pelo vírus da dengue, foi realizada a propedêutica para vasculites de vasos de pequeno calibre considerando as alterações compatíveis com glomerulonefrite na sedimentoscopia urinária.

Resultados

A pesquisa do ANCA (1/160) e anti-mieloperoxidase (MPO) foram positivos em altos títulos, enquanto que de crioglobulinas, fator reumatoide, complemento, fator antinúcleo (FAN), anti membrana baso glomerular, foram negativos. Dessa forma, em virtude da especificidade do ANTI MPO, o paciente foi classificado de acordo com o algoritmo da agencia de medicina europeia como PAM. Não foi possível realizar a bióspia renal pois o paciente evoluiu para óbito apesar da pulsoterapia com metilprednisolona 1g por 03 dias e suporte terapia intensiva e hemodiálise.

Conclusões/Considerações Finais

O manejo do paciente com vasculite sistêmica requer excluir os diagnósticos diferenciais, e na descrição do caso, isso foi realizado mediante a solicitação de sorologias, dosagem de anticorpos e coleta de culturas. O tratamento deve ser instituído rapidamente para evitar possíveis complicações, principalmente relacionadas a eventos trombóticos.

Palavras Chave

vasculite; dengue; PAM

Área

Clínica Médica

Autores

ANA PAULA CAFURE DE FREITAS, MAURA FUAD BICHARA, GABRIEL PEREIRA BOM, KAROLINA HONORATO COSTA, KAMILLE ANIK CALVO