16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

VASCULITE REUMATOIDE: diagnóstico diferencial de úlceras cutâneas em paciente com artrite reumatoide.

Fundamentação/Introdução

A vasculite reumatoide (VR) é a manifestação extra-articular mais grave da artrite reumatoide (AR), afetando 2 a 5% dos pacientes. Caracteriza-se pela deposição de imunocomplexos e inflamação nas artérias de médio e pequeno calibre, levando à oclusão destes vasos, isquemia tecidual e necrose. O diagnóstico de VR em pacientes com AR é dado a partir da presença de pelo menos um dos Critérios de Scott e Bacon: mononeurite múltipla, gangrena periférica, arterite necrosante aguda ou úlceras cutâneas profundas. Sendo que devem ser excluídas outras causas prováveis para tais lesões. Houve redução significativa da incidência de VR nas últimas décadas devido à disponibilidade de melhores estratégias de tratamento da AR.

Objetivos

Relatar um caso de vasculite reumatoide e suas possíveis complicações

Delineamento e Métodos

Paciente masculino, 56 anos, com diagnóstico de AR há 20 anos em tratamento irregular, no momento em uso de hidroxicloroquina 400mg/dia e prednisona 20mg/dia. Foi admitido por úlceras cutâneas profundas infectadas, associadas a algia intensa em membros inferiores com necessidade de desbridamento e antibioticoterapia. O diagnóstico de VR foi configurado através dos critérios supracitados e foi definido aumento da prednisona para 40mg/dia. A introdução de imunobiológicos foi postergada pela vigente infecção. Após 21 dias de internamento, com melhora do quadro, o paciente recebeu alta com aumento da corticoterapia e seguimento ambulatorial.

Resultados

Decorridos 29 dias da alta, paciente reinternou devido aparecimento de equimoses em abdome e de novas úlceras cutâneas, gangrena periférica em pés, associada a dor neuropática, parestesia e plegia acometendo os nervos: fibular comum bilateral e radial a esquerda. Após descartar infecção secundária, realizou-se pulsoterapia associada a hidroxicloroquina e metotrexate, porém sem resposta satisfatória. Então iniciou-se a preparação para o uso de ciclofosfamida, contudo, uma nova infecção foi diagnóstica nas áreas das úlceras, evoluindo para sepse. Apesar do tratamento intensivo, o paciente evoluiu a óbito no décimo segundo dia.

Conclusões/Considerações Finais

Este caso demostra que a VR merece atenção, tratamento especializado e multiprofissional e requer terapia imunossupressora intensiva. Sendo sua mortalidade em cinco anos de aproximadamente 40%. A presença de úlceras profundas, sujeitas a infecção secundária, dificulta a administração dos imunossupressores e pode provocar quadro séptico.

Palavras Chave

Vasculite Reumatoide, Úlcera Cutânea, Mononeuropatia Múltipla, Artrite Reumatoide

Área

Clínica Médica

Autores

LARISSA HERMANN DE SOUZA NUNES, ANA CAROLINA VERONESE SILVA, JOÃO FELIPE BERNARDI LORA, MARIANA BARBOSA DANIEL, REBECCA SARAY MARCHESINI STIVAL