16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

FENÔMENO DE LÚCIO EM UM PACIENTE COM HANSENÍASE VIRCHOWIANA: RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, cujo curso pode ser agravado por quadros reacionais agudos ou subagudos. O fenômeno de Lúcio (FL) caracteriza-se por necrose cutânea, podendo ser considerado uma variante reacional da hanseníase virchowiana (HV).

Objetivos

Apresentar o caso de um portador de HV, diagnosticado em fase avançada da doença com quadros reacionais graves que, no primeiro momento, mascararam o diagnóstico primário.

Delineamento e Métodos

Paciente masculino, 74 anos, com bolhas e dormência nas pernas há 2 meses tendo procurado atendimento médico na ocasião, onde foi feito diagnóstico de erisipela e iniciado tratamento com cefalexina, sem melhora. Referiu que há 1 ano apresentou lesões semelhantes de forma localizada em perna esquerda que evoluíram com amputação de um pododáctilo. Há 14 dias, apresentou piora do quadro clínico sendo então internado para investigação diagnóstica. Negava comorbidades, tabagismo e etilismo. Ao exame dermatológico, apresentava infiltração da face, madarose de sobrancelhas, perda de pelos nas lesões cutâneas, hipoestesia nas pernas, amputação do hálux, lesões ulceronecróticas nos pés e face anterior dos membros inferiores, algumas das quais apresentando sinais de infecção secundária. A baciloscopia de linfa evidenciou bascilos álcool-ácidorresistentes formando globias, e a histopatologia da pele confirmou HV, compatível com FL. Iniciado esquema de poliquimioterapia multibacilar com rifampicina, clofazimina e dapsona, associado à prednisona 1mg/kg/dia com posterior desmame, além de ciprofloxacino e clindamicina para tratamento da infecção secundária, com boa evolução clínica. Após oito meses, as úlceras regrediram deixando cicatrizes atróficas e despigmentação residual.

Resultados

Não se aplica.

Conclusões/Considerações Finais

A falta de conhecimento parece ser a principal razão pela qual fenômenos como o de Lúcio sejam subdiagnosticados e não relatados. O tratamento pode curar a doença, evitando a sua progressão, mas não reverte os danos neurais ou a desfiguração física que podem ocorrer antes do diagnóstico. Portanto, é crucial que a doença seja diagnosticada o mais precocemente possível, antes que ocorra qualquer lesão permanente e limitações funcionais.

Palavras Chave

Hanseníase; Mycobacterium leprae; Necrose; Dapsona.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Escola Álvaro Alvim - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LORENA DE FREITAS BARROS, ENÉAS VAN DER MAAS DO BEM FILHO, LARA VIANNA DE BARROS LEMOS, MARCELO MONTEBELLO LEMOS, LAYS ROSA LINDOLPHO DE SOUZA