16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Ascite quilosa e linfoma não Hodgkin: um relato de caso

Fundamentação/Introdução

Ascite quilosa é fluido peritoneal de aparência leitosa, rico em triglicerídeos. É um achado incomum, com uma incidência de aproximadamente 1:20000. Ela se desenvolve quando há uma ruptura do sistema linfático, que ocorre devido a lesão traumática ou obstrução (de causas benignas ou malignas). Malignidade, cirrose e disrupção linfática após cirurgia abdominal são as principais causas em adultos. Em crianças, as anormalidades linfáticas congênitas e os traumas são as causas mais comuns.

Objetivos

Relatar caso de paciente idosa com aumento de volume abdominal recente secundário a ascite quilosa.

Delineamento e Métodos

Feminina, 67 anos, hipertensa, natural e procedente de Recife-PE, com relato de edema em membros inferiores de início há 6 meses e aumento de volume abdominal há 3 meses. Havia relato de pancitopenia já investigada e atribuída a hiperesplenismo por Doença Hepática Crônica de etiologia esquistossomótica. Negava dispneia, dor abdominal, febre, sangramentos.
Devido ascite de início recente foi realizada paracentese diagnóstica (aspecto leitoso; células totais 897; linfócitos 99%; mesoteliócitos 1%; hemácias 14742; albumina 1,25; DHL 84; glicose 110; cultura negativa; triglicerídeos 404; GASA 1,8).

Resultados

Em busca da etiologia da ascite quilosa, foram realizados exames de imagem: endoscopia digestiva alta e colonoscopia normais; tomografia de tórax com derrame pleural bilateral (mais extenso à esquerda) sugestivo de transudato com predomínio linfomononuclear; ressonância magnética de abdome com contraste com conglomerado linfonodal em torno da aorta.
Ao exame físico, foram evidenciadas várias linfonodomegalias pouco móveis (cadeias supraclavicular, axilar e inguinal), sendo feita exérese do linfonodo supraclavicular esquerdo com anatomopatológico/imuno-histoquímica compatível com linfoma não-Hodgkin subtipo difuso de grandes células B.
Paciente foi encaminhada para Hematologia, estando em uso de quimioterapia ( protocolo R mini CHOP). Também foi iniciada dieta hipolipídica com suplementação de triglicerídeos de cadeia média e octreotide, apresentando melhora da ascite quilosa (triglicerídeo do líquido ascítico 59).

Conclusões/Considerações Finais

Linfoma e outras neoplasias devem ser lembrados no diagnóstico diferencial de ascite quilosa. Além disso, apesar de neste caso a paciente apresentar pancitopenia + esplenomegalia (atribuídas a DHC esquistossomótica), no contexto de ascite recente é necessário realizar análise do líquido em busca da sua etiologia.

Palavras Chave

Ascite quilosa; linfoma; triglicerídeo

Área

Clínica Médica

Autores

MARTTINA CAROLLINE DE MOURA FERREIRA GOMES, LILIAN ROSE MAIA GOMES DE ARAÚJO, JONES SILVA LIMA, LEILA PRISCILLA PINHEIRO DA SILVA