16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Meningite asséptica recorrente induzida após uso de ibuprofeno

Fundamentação/Introdução

A meningite asséptica induzida por drogas (MAID) é rara e de difícil diagnóstico. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são a principal etiologia. O provável mecanismo envolvido é uma reação de hipersensibilidade tipo III ou IV.

Objetivos

Relato um caso de um paciente que apresentou sete episódios de meningite asséptica recorrente induzida pelo uso de ibuprofeno. Destaco a importância do reconhecimento da MAID e principais fatores etiológicos, já que há rápida resolução com a suspensão da droga e evita novos quadros.

Delineamento e Métodos

Masculino, 39 anos apresentou o primeiro episódio de meningite asséptica em 2012, após cinco dias do início de terapia para Helicobacter pylori com antimicrobiano e uso de Alivium de 600mg. Exame físico, séricos e tomografia computadorizada de crânio normais. A análise citoquímica do líquido cefalorraquidiano (LCR) mostrou pleocitose com predomínio de linfomononucleares, hiperproteinorraquia moderada, normoglicorraquia. Hipótese de meningite parcialmente tratada e iniciado, empiricamente, ceftriaxone e aciclovir, sendo suspenso outras medicações em uso, com boa resposta clínica. Após quatro meses, retorna o tratamento para H. pylori, iniciando no quarto dia com cefaleia e rigidez de nuca com rebaixamento do nível de consciência e temperatura axilar de 39,4 ºC. A avaliação do LCR mostrou mesmas características do episódio anterior. Rastreio infeccioso, autoimune e avaliação laboratorial extensa todas negativas. Alta hospitalar em nove dias.

Resultados

Conforme o paciente, em sete ocasiões, após uso de ibuprofeno, repetiu o mesmo quadro clínico, liquórico, com exames de neuroimagem normais, todos tratado empiricamente com aciclovir. Em 2019, no terceiro dia de uso de ibuprofeno após tratamento dentário, iniciou com síndrome de irritação meníngea e febril. Após a retirada do ibuprofeno e sem uso de antivirais, melhora clínica e normalização do LCR em cinco dias. Orientado para não usar AINEs. Paciente evoluiu com melhora clínica, sem novos episódios desde 2019.

Conclusões/Considerações Finais

A MAID é de difícil suspeita diagnóstica, sendo esta de exclusão e ligada com a relação temporal do uso da droga e desenvolvimento dos sintomas. A melhora clínica ocorre 2-3 dias após a suspensão do AINEs. É fundamental a suspeita clínica para interrupção definitiva do uso da droga, evitando reincidências e internações hospitalares.

Palavras Chave

meningite asséptica; ibuprofeno;

Área

Clínica Médica

Autores

MARIA EDUARDA TREIS, JOÃO NATEL POLLONIO MACHADO