Dados do Trabalho

Título

Dissecção de Aorta Associada ao Uso Recreativo de Cocaína: um relato de caso.

Fundamentação/Introdução

Introdução: A dissecção de aorta (DA) é um falso lúmen de sangue pela ruptura abrupta da camada íntima da aorta. O uso de cocaína (CA) associada a álcool leva a alterações hemodinâmicas abruptas podendo causar DA. A CA aumenta os níveis de dopamina e noradrenalina na fenda pré-sináptica por bloqueio dos receptores centrais e periféricos, ocasionando aumento pressórico, taquicardia e vasoconstrição, que gera isquemia da camada íntima da aorta por aumento da produção de endotelinas, agregação plaquetária, formação de trombos e diminuição dos níveis de óxido nítrico. Incidência de DA é 2 a 3,5 casos para cada 100.000 mil habitantes/ano, maior prevalência em homens e tabagistas. A mortalidade fica em torno de 30% no momento da dissecção e cerca de 50% nas próximas 48 horas após o evento. Utiliza-se o Aortic Dissection Detection Risk Score, eletrocardiograma (ECG), dosagem de D-dímero e exame de imagem para diagnóstico. É classificada por Stanford como Tipo A quando acomete aorta ascendente e a tipo B não acometendo aorta ascendente. O tratamento da DA será cirurgia de emergência se DA tipo A ou endovascular se tipo B. A sobrevida desses pacientes fica entre 30 a 60% em 10 anos.

Objetivos

Objetivo: O objetivo deste trabalho visa dar atenção a DA em pacientes jovens, sem comorbidades e que fazem uso recreativo de CA.

Delineamento e Métodos

Relato de Caso: A.M.M, 43 anos, masculino, sem comorbidades, etilismo social e tabagista, com dor torácica tipo B por 10 horas após prática de exercícios físicos, melhora parcial com uso de analgésicos houve piora da dor e parestesia em membro superior esquerdo, que o fez procurar pronto atendimento.

Resultados

Relato de uso de CA e medicamento para impotência sexual na noite anterior. ECG sem alteração, D-Dímero elevado e angiotomografia de tórax evidenciando DA tipo A. Feita correção com ressuspensão de cúspides aórticas.

Conclusões/Considerações Finais

Conclusão: Muito tem relacionado DA aguda em usuários de CA com HAS não tratada, porém neste caso apresentado não há HAS pré-existente, o que entende-se que o uso abusivo da CA em si seria fortemente um fator causador de DA. Cerca de 80% dos pacientes com DA e uso de CA morrem no primeiro ano de seguimento, no caso de DA não associada ao uso de CA a sobrevida em 1 ano é de 75%. Com o uso recreativo de CA cada dia mais frequente, é primordial lembrar de DA em pacientes com dor torácica, além do entendimento do manejo desse paciente na emergência e o encaminhamento precoce a cirurgia de correção.

Palavras Chave

Dissecção de aorta; cocaína; cardiologia.

Área

Clínica Médica