16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Hepatite fulminante secundária a Acetaminofeno em paciente com Covid-19: Relato de Caso.

Fundamentação/Introdução

A hepatite fulminante é uma doença multissistêmica, definida por encefalopatia em pacientes sem história de doença hepática prévia. Dentre as possíveis etiologias, a medicamentosa ganhou destaque com o avanço da pandemia causada pelo SARS-CoV-2. O acetaminofeno, também conhecido como paracetamol, tem metabolização exclusiva hepática e o desconhecimento da posologia segura diária pode acarretar danos hepáticos irreversíveis.

Objetivos

Descrever um caso de hepatite fulminante secundária a acetaminofeno em um paciente com Covid-19

Delineamento e Métodos

O presente estudo é observacional a partir da análise de dados do prontuário de um paciente com hepatite fulminante que evoluiu a óbito.

Resultados

Homem, 42 anos, etilista crônico, após contato domiciliar com familiares positivos para COVID-19 iniciou quadro de lombalgia, artralgia, epigastralgia e cefaléia de forte intensidade. Automedicou-se com acetaminofeno 750mg + tandene de 2/2 horas, após dois dias evoluiu para síncope, hematêmese, dor epigástrica em faixa e visão turva.
No dia seguinte foi admitido no hospital municipal. Passados 3 dias evoluiu para rebaixamento do nível de consciência, intubado e transferido a um hospital terciário. Na admissão foi solicitado exames laboratoriais que evidenciaram pancreatite aguda (Lipase: 896 UI/L e Bilirrubina total: 11,25 mg/dL), insuficiência hepática aguda (AST 6127 U/L; ALT 3996 U/L; RNI: 2,14 seg, KPTT:88,7; e lactato >15 mg/dl), insuficiência renal (Ureia: 319 mg/dL e creatinina 16,2 mg/dL) e PCR + para COVID-19. Devido a intoxicação por acetaminofeno foi iniciado N-acetilcisteína e hemodiálise. Após início da diálise paciente evoluiu para midríase fixa, solicitada tomografia computadorizada do crânio que evidenciou edema cerebral difuso.
Após um dia, o paciente obteve escore de 125 na Simplified Acute Physiology Score III (SAPS 3), estava em uso de cefepime para infecção em foco pulmonar, sem grandes alterações laboratoriais e em insuficiência respiratória IIIB. Foi realizado contato com o serviço de transplante hepático que orientou manter o tratamento com N-acetilcisteína e dosagem de enzimas hepáticas a cada 12 horas, no entanto paciente evoluiu a óbito.

Conclusões/Considerações Finais

A automedicação é uma prática frequente no Brasil, com a falta de protocolos terapêuticos para a covid-19 este problema se intensificou. Com a ingestão diária de acetaminofeno superior a recomendada devido ao quadro clínico de COVID-19 e uma história prévia de etilismo o paciente evoluiu para hepatite fulminante e posteriormente óbito.

Palavras Chave

Acetaminofeno. Hepatite fulminante. Covid-19.

Área

Clínica Médica

Autores

ANDRE LUIZ CEZAR, MARCELO VIER GAMBETTA, RANIERI ALVIN STROHER JUNIOR