16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Semiologia médica minuciosa no diagnóstico da Arterite de Células Gigantes: relato de caso de difícil elucidação clínica em hospital terciário

Fundamentação/Introdução

A arterite de células gigantes (ACG) é doença inflamatória crônica, mais prevalente em idosos, com propensão ao acometimento de artérias de grande calibre, cuja complicação pode ser amaurose irreversível.

Objetivos

Descrever caso clínico de ACG até então subdiagnosticado admitido em hospital por complicação oftalmológica aguda. Demonstrar a relevância de anamnese precisa e cautelosa, correlacionando sinais e sintomas pouco valorizados para corroborar com o diagnóstico.

Delineamento e Métodos

Homem, 83 anos, há seis meses com perda ponderal, cefaleia e anemia em investigação na atenção primária, é admitido em emergência oftalmológica de hospital terciário por diplopia de olho esquerdo há um dia. Feita hipótese de paralisia do nervo craniano abducente e alta médica. Retorna ao serviço dias após com astenia, cefaleia intensa, vômitos, perda da acuidade visual e celulite periorbitária bilateral. Iniciado tratamento empírico para meningite viral e bacteriana, porém sem melhora substancial. Exames de imagem de encéfalo e líquor sem alterações significativas. Refeita anamnese, sendo revelados detalhes pelos familiares de dieta fracionada devido à dor mandibular e sensibilidade em couro cabeludo ao pentear cabelos. Aventada a hipótese de ACG, compatível com provas de atividade inflamatória elevadas e procalcitonina baixa. Devido à piora progressiva de acuidade visual, prescrito prednisona, com significativa melhora clínica e laboratorial após dois dias.

Resultados

-

Conclusões/Considerações Finais

Cefaleia e claudicação em mandíbula são achados sugestivos do acometimento de artéria temporal. O desfecho desfavorável de amaurose permanente pode ser evitado com a introdução precoce de corticoterapia. O relato expõe a dificuldade do diagnóstico de ACG no contexto de sala de emergência, já que o paciente muitas vezes não procura atendimento médico pelos sintomas clássicos de claudicação mandibular e sensibilidade de couro cabeludo. No caso descrito, a queixa principal de diplopia súbita sobrepunha-se às demais crônicas em investigação na rede primária, sendo suspeitadas, primeiramente, outras hipóteses diagnósticas mais prevalentes em ambiente de emergência. Além disso, salienta-se a relevância de anamnese minuciosa, que explorou a história pregressa do doente anterior à queixa ocular, trazendo à tona o caráter crônico da ACG, fomentando a correlação de sintomas até então aparentemente desconexos. A biópsia de artéria temporal é padrão-ouro para o diagnóstico, entretanto não é imperativa aos achados clínicos e à expressiva resposta ao corticoide.

Palavras Chave

Arterite de células gigantes; amaurose; diplopia.

Área

Clínica Médica

Autores

BEATRIZ OLMO SALLES, RAFAEL NOGUEIRA MARIN, YURIKI MUNIZ OKADA, CYBELE CUNHA FARIA, CAROLINA MILITAO PITELLI