16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Manejo ágil na abordagem da intoxicação por paracetamol: relato de caso com desfecho favorável

Fundamentação/Introdução

O paracetamol (acetoaminofem) é um fármaco de ação analgésica e antipirética potencialmente causador de injúria hepática aguda (IHA) se administrado em doses superiores a 7,5g/dia. O uso precoce do antídoto N-acetilcisteína nesse contexto revelou-se determinante para reduzir a incidência de IHA e suas complicações.

Objetivos

Descrever um caso de intoxicação aguda por paracetamol, destacando a relevância do manejo correto e imediato para obter evolução clínica favorável, evitando IHA. Apresentar o protocolo difundido pela literatura médica da abordagem incisiva do abuso deste medicamento.

Delineamento e Métodos

Descrição do Caso: Homem, 20 anos, 65 kg, ingeriu 48,75g de paracetamol (65 comprimidos de 750mg/cada) em tentativa de autoextermínio. Admitido após duas horas (h), assintomático, prescrito carvão ativado 50g via oral (VO) e iniciado protocolo de N-acetilcisteína VO 140mg/kg em 1h. Transferido a hospital terciário e transicionada infusão para endovenoso (EV), com mais 150mg/kg EV em 4h, seguido de 100mg/kg EV em 16h, completando as três fases padronizadas. Hospitalizado, apresentou alterações nas provas de função hepática após 12h da ingesta tóxica, mantendo-se assintomático. Devido à persistente elevação desses marcadores, foi necessário repetir por mais três vezes a terceira etapa do antídoto. Realizado ultrassonografia abdominal com doppler e sem queixas, obteve alta médica após quatro dias e, em retorno ambulatorial uma semana depois, houve melhora laboratorial.

Resultados

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Conclusões/Considerações Finais

Nos casos de ingestão superior a 7,5g de paracetamol é fundamental instaurar tratamento rápido, já que inicialmente o enfermo pode apresentar-se assintomático e sem alterações laboratoriais nas primeiras 24h, porém grave acometimento hepático e injúria renal aguda após 72-96h do abuso medicamentoso. O desfecho desfavorável, com encefalopatia hepática e necessidade de transplante de fígado, é mais prevalente quando a administração de N-acetilcisteína ocorre após 8h da intoxicação. A literatura médica valida o protocolo, com o antídoto, de 72h VO ou o de 21h EV, ambos eficazes. Neste relato, descrevemos um paciente que não evoluiu com IHA em virtude das condutas prontamente realizadas, mesmo com doente assintomático e sem alterações laboratoriais significativas inicialmente. O caso ilustra a importância do diagnóstico precoce e da aplicação ágil do protocolo de N-acetilcisteína, reforçando que o correto manejo dessa situação é modificador do prognóstico.

Palavras Chave

Acetominofen. Paracetamol. Acetilcisteína. Injúria Hepática Aguda.

Área

Clínica Médica

Instituições

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) - São Paulo - Brasil

Autores

BEATRIZ OLMO SALLES, PEDRO LUNA SINGER, BEATRIZ ARID RUDNICK, CAROLINA MILITAO PITELLI, CYBELE CUNHA FARIA