Dados do Trabalho
Título
EMBOLIZAÇÃO SÉPTICA PULMONAR SECUNDÁRIA A ENDOCARDITE DE VÁLVULA TRICÚSPIDE EM PACIENTE COM DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA DE LESÃO CUTÂNEA: RELATO DE CASO
Fundamentação/Introdução
Em casos de endocardite infecciosa (EI) a válvula mitral é a mais afetada (40%), seguida da aórtica (34%), tricúspide e pulmonar. A EI de coração direito corresponde a 5-10% da totalidade e é causada por Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosas, sendo relacionada a pacientes usuários de drogas intravenosas, de dispositivo intracardíacos, cateteres ou próteses, infecção por HIV e malformações cardíacas congênitas.
Objetivos
O objetivo desse relato é demonstrar caso pouco descrito na literatura de EI de válvula tricúspide com embolização pulmonar em paciente jovem sem fatores de risco.
Delineamento e Métodos
Análise retrospectiva de dados presentes em prontuário médico.
Resultados
Paciente masculino, 27 anos. Antecedente de epilepsia, tabagismo, etilismo e uso de substâncias psicoativas não injetáveis. Admitido em pronto atendimento com quadro de agitação psicomotora, taquicardia e sudorese associados à parestesia e flexão de antebraço. Após administração de benzodiazepínico, evoluiu com rebaixamento do nível de consciência e necessidade de intubação orotraqueal (IOT) com passagem de cateter venoso central. Após estabilização clínica e retirada de dispositivos invasivos, admitido em enfermaria e observada presença de úlcera por pressão em região sacral e occipital com saída de secreção purulenta. Coletadas culturas, com crescimento de Staphylococcus aureus sensível à Oxacilina. Realizado Ecocardiograma Transtorácico (ECOTT), que não observou imagens sugestivas de vegetação ou alterações valvares cardíacas. Apesar da vigência de tratamento por 10 dias, paciente permaneceu com episódios febris, o que motivou coleta de novas culturas e pesquisa de outros focos infecciosos. Nas hemoculturas, manteve-se crescimento de S. aureus com mesmo perfil de sensibilidade. Em tomografia computadorizada de tórax observada presença de cavitações sugestivas de embolização séptica. Nesse cenário, solicitado novamente ECOTT, realizado pelo mesmo ecocardiografista 14 dias após o primeiro exame, e observada nova regurgitação tricúspide com imagem sugestiva de vegetação nessa válvula. Pelos critérios de Duke, realizado diagnóstico de EI de coração direito e o tratamento antimicrobiano foi estendido para mais 4 semanas.
Conclusões/Considerações Finais
O relato evidencia a importância da suspeição clínica de EI em pacientes com hemoculturas positivas em vigência de terapêutica guiada e demonstra associação rara na literatura de acometimento de válvula tricúspide com embolização séptica.
Palavras Chave
Endocardite infecciosa, Endocardite infecciosa de coração direito, Endocardite valvar, Válvula tricúspide, Êmbolos pulmonares.
Área
Clínica Médica
Autores
LUCIANA SENOS DE MELLO, ALINE SANTANA JUNCKER, MARJORIE PONTES BARIONI, RANDOLFO ABBADE, MARCELO GUSTAVO LOPES