Dados do Trabalho


Título

PREDIÇÃO IN SILICO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE FRAGMENTOS OXIDADOS DE PALITOXINA

Introdução

As palitoxinas (PLTXs) são consideradas biotoxinas aquáticas emergentes, e organismos conhecidos por produzi-las já foram relatados no litoral brasileiro. Por esta razão, um método analítico para quantificação de PLTXs em pescado empregando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem (LC-MS/MS) foi previamente validado pelos autores para implementação em um dos laboratórios oficiais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Apesar de o método envolver a detecção de fragmentos oxidados de PLTXs (PlTX-amina e PLTX-amida), suas
propriedades físico-químicas ainda não foram caracterizadas experimentalmente, o que limita a compreensão do seu comportamento durante o preparo de amostras e a análise instrumental. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma predição in silico das propriedades físico-químicas dos fragmentos oxidados da PLTX.

Material e Métodos

A predição foi realizada através do software ChemAxon (v. 1.6). A solubilidade em água, a lipofilicidade e o grau de ionização pH-dependentes foram caracterizados a partir do logarítmo de solubilidade (LogS), do logarítmo do coeficiente de distribuição (LogD) e da constante de dissociação (pKa), respectivamente.

Resultados e Discussão

Os dados gerados indicam que ambos os fragmentos apresentam pKas ácidos elevados (>10,0). Logo, a ionização dificilmente ocorrerá por meio da doação de prótons. Contudo, a ionização da PLTXamina parece ser possível por aceitação de prótons quando em pH <9,03 (seu pKa básico), favorecendo sua solubilidade e recuperação em meios extrativos mais polares como os tradicionalmente empregados para estes analitos (hidrofilicidade máxima até pH 7, com LogS de ~1,0). A PLTX-amida parece permanecer neutra em quaisquer possíveis condições aplicadas durante o preparo de amostras (pKa básico de 0,6) e apresenta menor hidrossolubilidade (LogS de -1,4 entre pHs 2 e 9), resultando em menor recuperação. Em contrapartida, pode apresentar maior retenção cromatográfica em colunas de fase estacionária mais apolares e fases móveis acidificadas devido a maior ocorrência de interações hidrofóbicas (pHs 2-6: LogD de -2,0 para amida, LogD de ~-4,5 para amina). Sendo assim, apesar de ambos os fragmentos serem considerados polares, a predição in silico aponta diferenças marcantes que justificam a dificuldade de sua extração e detecção simultânea. Estratégias analíticas muito bem delineadas e controladas são necessárias para o sucesso da análise.

Área

Toxicologia e microbiologia de alimentos

Autores

MIlena Dutra Pierezan, Cristian Rafael Kleemann, Rodrigo Barcellos Hoff, Silvani Verruck