Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

ABORDAGEM E MANEJO CLÍNICO DAS COMPLICAÇÕES MULTISSISTÊMICAS EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: UM RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune de etiologia pouco esclarecida, que afeta múltiplos órgãos e sistemas, tornando o paciente mais suscetível a problemas cardiovasculares, neurológicos, infecciosos e renais.

Objetivos

Relatar caso de um paciente com diagnóstico de LES, as complicações relacionadas à patologia de base, reações adversas relacionadas à terapêutica instituída, bem como os desafios para o seu manejo.

Descrição do Caso

P.J.M.B., 35 anos, sexo masculino, acompanhado pela reumatologia e nefrologia por nefrite lúpica diagnosticada há 7 anos, com início de hemodiálise há 4 anos após quadro de COVID-19, sendo anúrico desde então. Fazia terapia irregular com hidroxicloroquina e prednisona. Há 8 meses, foi admitido na emergência de um hospital de referência do Recife apresentando febre, calafrios, dispneia e dor torácica. Foi realizada uma tomografia que mostrou derrame pleural e sinais sugestivos de tuberculose pleural. Apesar do baixo valor de adenosina deaminase encontrado no líquido pleural, foi realizada uma biópsia pleural, que revelou uma inflamação granulomatosa necrotizante, sendo, portanto, iniciado o esquema RIPE. Após quase 6 meses de tratamento, o paciente compareceu ao ambulatório apresentando sopro cardíaco e edema de MMII, sendo então aventada a hipótese de insuficiência cardíaca (IC). Além disso, foi possível observar icterícia, perda da acuidade visual, déficit de força e parestesia em MMII, sendo então suspenso o tratamento da tuberculose e optado pelo internamento para investigação. Durante o internamento foi realizada uma eletroneuromiografia que mostrou uma polineuropatia axonal sensitivo-motora severa. Já em tratamento para IC e descartada alteração do nervo óptico, foi iniciada investigação de déficits nutricionais e suplementação de vitaminas B6 e B12.

Conclusões/Considerações Finais

Este é um caso difícil de manejo, dadas as comorbidades do paciente e a manifestação dos efeitos adversos. É evidente que a neuropatia periférica pode estar associada tanto ao tratamento com pirazinamida como à atividade do LES. Quanto às queixas visuais, deve-se sempre considerar os efeitos adversos associados ao etambutol ou à hidroxicloroquina. Vale salientar que não foi pensado ajuste do esquema RIPE considerando a função renal do paciente e a icterícia pode evidenciar uma hepatotoxicidade pelo acúmulo de drogas no sistema. Uma abordagem terapêutica individual objetiva aumentar as chances de remissão da doença e sanar as possíveis complicações associadas.

Área

Tema Livre

Instituições

Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil

Autores

VÍTOR NASCIMENTO SÁ, FELIPE LAVRA DO NASCIMENTO, MARIA LUISA BARBOSA DA SILVA, MISSARY GOMES FERREIRA