Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

DISTONIA PARAVERTEBRAL RESPONSIVA À DOPAMINA COMO ETIOLOGIA DE ESCOLIOSE EM ADULTO

Introdução/Fundamentos

A distonia dopa-responsiva (DRD) engloba um grupo de distúrbios neurológicos dos movimentos caracterizado por contrações involuntárias dos músculos, sendo sua origem relacionada a alterações na via de síntese da dopamina e sua melhora obtida com o uso de levodopa em baixa dose.

Objetivos

O presente trabalho objetiva relatar um caso raro de distonia paravertebral responsiva à dopamina que se apresentou como etiologia de um quadro de escoliose em um paciente adulto atendido em serviço de referência.

Descrição do Caso

Paciente, sexo masculino, 22 anos, é encaminhado do serviço de ortopedia ao ambulatório de distúrbios do movimento do serviço de neurologia com queixa de contrações involuntárias e sustentadas dos músculos paravertebrais ao longo do dia por aproximadamente 7 meses. Afirmava que essa sintomatologia resultava na formação de escoliose com padrão flutuante, descrita como pior pela manhã e diminuindo ao final do dia, padrão este bastante característico nas distonias, as quais geralmente se manifesta como distonia de início apendicular, mas que também pode começar nos músculos axiais. Ao exame físico, observou-se contração involuntária e sustentada dos músculos paravertebrais, culminando em escoliose toracolombar, sendo os demais parâmetros de exame normais. Após considerar a faixa etária e a natureza flutuante das alterações posturais decorrentes da distonia paravertebral, foi iniciado o tratamento com levodopa 100 mg em associação com benserazida 25 mg (Prolopa BD) 3 vezes ao dia, como teste terapêutico, baseado nas principais hipóteses diagnósticas do caso. Após 3 meses do início da medicação, o paciente retornou à consulta relatando e demonstrando melhora substancial das contraturas na região dorsal, além de redução significativa do grau de escoliose com resolução do seu caráter flutuante. Negou efeitos adversos decorrentes do uso da medicação.

Conclusões/Considerações Finais

A DRD é uma condição que, apesar de rara, deve ser sempre considerada, tendo em vista a faixa etária afetada, o grau de impacto na qualidade de vida dos pacientes não tratados e a efetiva resposta sintomatológica ao uso da Levodopa, medicação de fácil acesso por meio de programas públicos governamentais. Outrossim, apesar do diagnóstico da DRD ser geralmente baseado na clínica e nos testes terapêuticos, o acesso aos testes genéticos permite o diagnóstico definitivo, sendo útil para a determinação etiológica específica e o aconselhamento genético dos pacientes e de suas famílias.

Área

Tema Livre

Instituições

Universidade de Pernambuco (UPE) - Pernambuco - Brasil

Autores

LISA ANANDA RODRIGUES SOARES, Caio César Ales Lins Oliveira, Carlos Frederico Leite de Souza Lima, Lara Cândido Pena