Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Anemia Hemolítica Autoimune induzida por múltiplos antibióticos: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A anemia hemolítica autoimune (AHAI) induzida por medicamentos é um tipo raro de anemia, muitas vezes difícil distinguir de outras causas, atrasando o diagnóstico e o tratamento. Cefalosporinas e quinolonas são os mais frequentemente associados a esta condição.

Objetivos

Descrever o caso de paciente com icterícia e fraqueza generalizada após tratamento prolongado para osteomielite.

Descrição do Caso

Homem, 50 anos, deu entrada na emergência com queixa de fadiga. Sem comorbidades, porém com história prévia de politraumatismo por acidente automobilístico. Na ocasião, ficou cerca de 6 meses hospitalizado devido a necessidade de múltiplas cirurgias e complicações infecciosas, incluindo osteomielite. Realizou tratamento com Vancomicina, Clindamicina, Ciprofloxacino e Tetraciclina. Associado a astenia, apresentou icterícia em esclera e episódios diarreicos, negando colúria, hematúria, dores musculares ou episódios febris. Apesar da resolução dos sintomas gastrointestinais, houve piora progressiva da fadiga e da icterícia, buscando atendimento em pronto-socorro (PS). Hemograma evidenciou anemia macrocítica hipercrômica (Hb 7,7, Ht 23,3, VCM 126, HCM 41,4), leucocitose com desvio à esquerda escalonado até promielócito (56800), hiperbilirrubinemia (3,45) às custas da fração indireta (3,1) e proteína c reativa aumentada (22,6). Ainda no PS, foi iniciada Ceftazidima e Vancomicina, quando evoluiu com piora clínica, acentuando adinamia, além de comprometimento da deambulação. O exame físico revelava icterícia e palidez de pele e mucosas, sem sinais de sangramentos. Em nova investigação laboratorial, evidenciado reticulocitose (37,49) e aumento de desidrogenase lática (2686), com níveis normais de vitamina B12 (368,9) e ácido fólico (11,15). Possuía Coombs direto e indireto positivos e testes negativos para infecções sexualmente transmissíveis e fator antinucleo. A cinética do ferro não apresentou alterações significativas, com níveis indetectáveis de haptoglobina. O teste direto de antiglobulina foi positivo para IgG e a hipótese de AHAI foi considerada. Durante a internação, foram suspensos todos os antibióticos. Após isso, evoluiu com melhora clínica expressiva.

Conclusões/Considerações Finais

Como complicação potencialmente fatal de medicamentos comuns e muito utilizados, o diagnóstico correto de AHAI e a descontinuação do agente agressor pode ser o suficiente para o tratamento. Esse caso destaca a importância da vigilância clínica e uso racional de antibióticos, para adequada notificação, diagnóstico e manejo.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Barão de Lucena - Pernambuco - Brasil, Universidade Católica de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

MARIA EDUARDA MAGNO GONÇALVES, JOSE REGINALDO ALVES DE QUEIROZ JUNIOR, ISAQUE CÉSAR CARNEIRO RAMOS, ERINALDO SIQUEIRA DE MEDEIROS, ANA PAULA TAVARES CAVALCANTI DE SOUZA