Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Mastite Granulomatosa Idiopática Associada a Eritema Nodoso e Artrite Reativa

Introdução/Fundamentos

A mastite granulomatosa idiopática (MGI) é uma doença rara de provável etiologia autoimune que se manifesta como massa inflamatória na mama, podendo, ainda, incluir múltiplas lesões, abscessos, fistulização, retração papilar, edema em casca de laranja e linfadenopatia axilar. Tais sinais costumam sugerir malignidade e os exames de imagem podem intensificar essa preocupação. Em raros casos, a MGI pode envolver manifestações sistêmicas, como eritema nodoso e artrite reativa. O tratamento com corticoterapia é crucial e demanda sempre a exclusão de tuberculose mamária (TM), seu principal diagnóstico diferencial.

Objetivos

Relatar o seguimento clínico e investigativo de uma paciente com lesão mamária associada a eritema nodoso e artrite reativa.

Descrição do Caso

Mulher de 32 anos, G1P1A0, com massa dolorosa em mama direita por 6 meses, com aumento progressivo. Ultrassonografia revelou espessamento e hiperecogenicidade da pele e subcutâneo, além de linfonodomegalias em cadeia axilar, levando à solicitação de Ressonância Magnética, que trouxe classificação BI-RADS 4. Biópsia demonstrou mastite crônica sem outras especificações. Foi prescrita corticoterapia por um mês, com melhora momentânea e retorno subsequente da mastalgia, associada a descarga papilar amarelada e inodora, cefaleia, manchas cutâneas eritematosas dolorosas e poliartrite inflamatória assimétrica. O quadro não respondeu a antibióticos. À admissão hospitalar, observou-se lesão endurecida e dolorosa em mama direita, com cerca de 8 cm, retração papilar, eritema e calor local. Manchas eritematosas e nódulos subcutâneos dolorosos estavam presentes em membros inferiores e dorso, bem como edema e artralgia em tornozelos, joelhos, cotovelo esquerdo e articulações metacarpofalangeanas esquerdas. Exames laboratoriais revelaram elevação de leucócitos (14.010), Proteína C Reativa (20) e Ferritina (400), sem outras alterações significativas. Como hipóteses, foram consideradas MGI e TM. Após exclusão de TM com revisão da biópsia (granuloma não-necrótico) e teste tuberculínico (0 mm), foi iniciada corticoterapia com Prednisona 1 mg/kg/dia, com melhora progressiva da mastalgia, eritema nodoso e artrite reativa. A paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial e manutenção do tratamento por 6 meses com posterior desmame.

Conclusões/Considerações Finais

A MGI é uma condição de alta morbidade e diagnóstico desafiador. A exclusão de outras doenças granulomatosas é essencial para o tratamento, que geralmente responde bem à corticoterapia por longos períodos.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Barão de Lucena - Pernambuco - Brasil

Autores

LUIZ EDUARDO LIMA AGUIAR, José Reginaldo Alves de Queiroz Júnior , Maria Eduarda Magno Gonçalves, Mariana Oriá Chevrolier, José Otamir de Andrade