Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Sonolência Diurna Excessiva como manifestação inicial de NMOSD: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

O distúrbio do espectro da neuromielite óptica (NMOSD – Neuromyelitis optica spectrum disorder) é uma rara doença auto-imune/inflamatória, caracterizada pela desmielinização e dano axonal imunomediado. Boa parte dos pacientes se apresenta com quadros de neurite óptica e/ou mielite transversa. Entretanto, em casos ainda mais raros, alguns pacientes podem se apresentar com sintomas narcolepsia-like ou de sonolência diurna excessiva de forma isolada, caracterizando o espectro diencefálico da doença.

Objetivos

Relatar caso de NMOSD com estado de sonolência diurna excessiva como sintoma inicial.

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, 44 anos, com quadro de hipersonolência iniciado em janeiro de 2022, sem outros sintomas associados. Com progressão em poucos dias, chegou a permanecer restrita ao leito, dependendo de terceiros ao longo de 6 meses. Inicialmente, fora diagnosticada com transtorno de humor depressível e assim medicada. Após 5 meses do inicio do quadro, começou a notar baixa acuidade visual simétrica, com manutenção da sonolência. Foi internada, então, em agosto de 2022, quando realizou pulsoterapia com Metilprednisolona por 5 dias, sob hipótese de esclerose sistêmica, pela presença de lesões com hipersinal em T2/FLAIR em região de tálamo bilateralmente, associado a LCR com provas inflamatórias positivas. Nenhuma melhora fora observada, sendo a paciente transferida para serviço de referência em Neurologia. Pela ausência de achados significativos, paciente recebeu alta, com hipótese de evento cerebrovascular como causa dos sintomas. Cerca de um ano após, paciente é novamente internada, com persistência da hipersonia e da baixa acuidade visual. Foi avaliada por equipe de neuroftalmologia que observou preservação da funcionalidade da retina, com impressão de comprometimento de nervo óptico como causa. Mediante hipótese diagnóstica de NMOSD, foi realizada RNM de órbitas e dosagem de anticorpo anti-aquaporina 4, os quais evidenciaram, respectivamente, atrofia dos nervos ópticos e positividade para o anticorpo em questão, selando o diagnóstico. No momento, a mesma segue em acompanhamento com serviço de neurologia do HC-UFPE, em tratamento com uso de rituximabe.

Conclusões/Considerações Finais

Este relato descreve a abordagem de uma paciente com apresentação inicial atípica de uma doença rara por si só, demonstrando a importância do conhecimento de todo espectro da NMOSD, para rápida suspeição e diagnóstico ,afim de que terapia específica seja instituída, prevenindo novos surtos.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital das Clínicas - UFPE - Pernambuco - Brasil

Autores

KAIO JOSE SANTOS DE ANDRADE, João Onofre, Ana Valéria Torres, Clezio Leitão, Christyanne Rodrigues