Dados do Trabalho

Título

Eritema nodoso e abscesso mamário recidivante secundário a tuberculose mamária: um relato de caso

Introdução

Com milhares de casos ao longo dos anos, o Brasil, junto a outros 22 países, compõe o grupo responsável por 90% da incidência de tuberculose (TB) mundial. Desses, apenas 15 a 20% irá se apresentar como a forma extrapulmonar, sendo a mama um sítio raro de infecção com aproximadamente 1400 casos descritos na literatura. O presente relato de caso ilustra essa forma rara de TB extrapulmonar constituída, rotineiramente, como um verdadeiro desafio diagnóstico.

Objetivos

Descrever um caso de abcesso mamário de repetição em mulher jovem, com diagnóstico histopatológico de TB mamária e discutir critérios diagnósticos/ indicação de início do tratamento.

Descrição do Caso

Relato de caso a partir da avaliação de história clínica e exames complementares prévios, em conjunto com seguimento da evolução diária durante internamento hospitalar, por meio de entrevista clínica, exames de imagem e posterior seguimento ambulatorial quinzenal.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 28 anos, previamente hígida, relata que em fevereiro de 2022 iniciou quadro exteriorização de conteúdo branco amarelado por mamilo esquerdo. Em semanas subsequentes, percebeu nodulação pequena, progressiva sendo procedido acompanhado ultrassonográfico por ginecologista assistente. Evolui com dor intensa local, febre, astenia e mialgia. Realizada biópsia da nodulação mamária em 08/04, com retirada de fragmentos deste sítio. Avaliação histopatológica evidenciou reação gigantocelular de tipo estranho em atividade, com focos de abscedação. Cultura da secreção evidenciou crescimento de Corynebacterium sp, com perfil de resistência favorável. Realizado após resultado de cultura, vários esquemas de antibioticoterapia, todos guiados por antibiograma. Persistindo com drenagem de secreção purulenta por mamilo e pelo orifício da biópsia. Apresenta piora do estado geral e eritema bilateral com nodulações (Eritema Nodoso). Diante da história clínica de abcesso mamário refratário à antibioticoterapia, em mulher jovem com eritema nodoso, iniciado tratamento para mastite tuberculosa, baseado em história clínica e achado histopatológico tendo paciente apresentado melhora de sinais flogísticos locais ainda no primeiro mês após início do tuberculostático.

Conclusões e Considerações Finais

Concluímos que deve-se suspeitar de mastite tuberculosa em paciente com risco epidemiológico e lesão mamária que não se resolve com antibióticos, principalmente se achados radiológicos/histopatológicos sugestivos, não sendo obrigatória a detecção do Mycobacterium tuberculosis para início do tratamento.