Dados do Trabalho


Título

HIPERINFECÇÃO POR STRONGYLOIDES EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: UM RELATO DE CASO

Introdução

A estrongiloidíase, infecção causada pelo Strongyloides stercoralis, é uma doença endêmica na América do Sul e está associada a baixas condições socioeconômicas. Apresenta-se, em aproximadamente 60% dos indivíduos infectados, como a forma crônica e assintomática da doença. A síndrome da hiperinfeçção é caracterizada pela autoinfecção acelerada e consequente aumento do número de larvas nos órgãos envolvidos nesse ciclo. A forma disseminada da infecção acontece quando o parasita se estende para órgãos fora do seu ciclo de vida tradicional. Essas formas de apresentação estão diretamente relacionadas à imunossupressão grave, seja devido ao uso de medicamentos imunossupressores, infeção pelo vírus do HIV ou HTLV, como ao agravamento de doenças crônicas. Embora a hiperinfecção tenha sido observada em indivíduos imunocompetentes, essa forma de apresentação é pouco comum nesse grupo.

Objetivos

Relatar um caso de hiperinfecção por estrongiloidíase em paciente jovem e imunocompetente, sem fatores de risco associados.

Descrição do Caso

Mulher de 21 anos, sem histórico de comorbidades prévias, iniciou quadro de vômito pós-prandial e desconforto abdominal há 4 meses do seu internamento. Não havia relato de diarreia, manifestações cutâneas e/ou respiratórias. Nesse período evoluiu com importante perda ponderal, sendo admitida em serviço de Clínica Médica com quadro de hipoalbuminemia severa decorrente de má absorção intestinal, associada à síndrome edemigênica e importante limitação funcional. A tomografia de abdome evidenciou realce de mucosas de alça de delgado e leve espessamento parietal, sugestivos de processo inflamatório. Nos exames de endoscopia digestiva visualizado gastrite enantemática moderada, duodenite erosiva moderada e pancolite enantematosa discreta. Foi identificado Strongyloides em parasitológico de fezes e a biópsia de mucosa gastroduodenal foi compatível com duodenite crônica erosiva ativa moderada, com eosinofilia. Após terapia antiparasitária a paciente evoluiu com melhora completa dos vômitos, tolerância à dieta oral, ganho de peso e regressão do edema. A paciente não havia feito uso de drogas imunossupressoras e exames para investigação de outras causas de imunossupressão foram negativos.

Conclusões e Considerações Finais

Este caso destaca a importância em considerar a síndrome da hiperinfecção por estrongiloidíase como manifestação da doença em pacientes imunocompetentes e a necessidade em incorporar estratégias de saúde pública nas áreas endêmicas.

Área

Tema Livre

Autores

Thaíse Cristina Arcoverde Cardozo da Silva , Rodrigo Coutinho Suassuna , Talina Tassi Saraiva de Arruda, Arilson Santos Alves da Silva, Thayna Almeida Batista