Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO DE PACIENTE HEPATOPATA APRESENTANDO PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE E ACHADO DE ESQUIZÓCITOS EM MEDULA ÓSSEA

Introdução

A associação de plaquetopenia, anemia e presença de esquizócitos deve sempre levantar suspeita de microangiopatia trombótica (MAT), visto tratar-se de um quadro ameaçador à vida. A presença de esquizócitos, no entanto, não é sinônimo de MAT e pode ser um fator confundidor. Esse aspecto é bem abordado por sociedades de hematologia para análise de sangue periférico, mas é extremamente escasso na literatura a descrição de esquizócitos em medula óssea.

Objetivos

Descrever caso de Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI) em paciente portador de Doença Hepática Crônica (DHC), já previamente plaquetopênico, com achado de esquizócitos em esfregaço periférico e mielograma.

Descrição do Caso

Paciente, 63 anos, DHC por álcool, apresentou quadro infeccioso (tratado com antibioticoterapia para foco urinário presumido). Pouco antes da alta hospitalar, passou a apresentar queda de plaquetometria (mantida abaixo de 10.000). Foi instituído tratamento para PTI com dexametasona. Duas semanas após início, paciente mantinha plaquetopenia importante. Foi então coletado mielograma para investigação. Momentos antes da coleta, paciente apresentou quadro de bacteremia (atribuído à flebite por acesso periférico, confirmada por hemocultura positiva). O mielograma mostrou alterações sugestivas de PTI: medula hiperplásica, hiperplasia megacariocítica e plaquetogênese diminuída. Foi, no entanto, visualizado também presença de alguns esquizócitos (encontrados também em sangue periférico). Neste momento, travou-se um dilema diagnóstico. Como o paciente seguia clinicamente estável, sem intercorrências, sem febre, sem disfunção renal, sem alteração do nível de consciência, sem sinais laboratoriais de hemólise optado por manter tratamento para PTI: nesse momento, como seguia sem melhora de plaquetometria, optado por reiniciar corticoterapia com prednisona 1mg/kg/dia associado a imunoglobulina. 48h após infusão de imunoglobulina, novo hemograma mostrava resposta terapêutica com 56 mil plaquetas. Após término de esquema antimicrobiano, recebeu alta hospitalar. Segue há um ano mantendo acompanhamento ambulatorial, mantendo contagem de plaquetas acima de 50 mil.

Conclusões e Considerações Finais

O diagnóstico e condução do caso de PTI em hepatopata já é, por si só, desafiador. A detecção de esquizócitos em medula tornou ainda mais. Apesar de escassa literatura sobre esse achado, atribui-se esse achado à bacteremia apresentada pouco antes da coleta, corroborado por evolução clínica favorável do doente, reforçando a máxima de que a clínica é, realmente, soberana.

Área

Tema Livre

Autores

Miriam Barreto Baié, Renatha Verissimo Guedes Soares, Lorena Nunes Bezerra, Flavio José Siqueira Pacheco, Jorge Luiz Carvalho Figueredo