Dados do Trabalho
Título
Hipertensão intracraniana idiopática em paciente obeso: relato de caso
Introdução
A hipertensão intracraniana é uma elevação (>22mmHg por 5 minutos) da pressão do crânio, sendo um importante diagnóstico diferencial em mulheres obesas com sintomas neurológicos. Quando idiopática, descarta-se a presença de massas, lesões estruturais ou mudanças no volume ou composição do líquido céfalo-raquidiano. A apresentação clínica ocorre com cefaléia, papiledema, paresia do nervo abducente e são marcadores de gravidade: a tríade de cushing e a midríase pupilar e seu diagnóstico é estabelecido com exames de neuroimagem e cateter de aferição da pressão intracraniana.
Objetivos
Relatar um caso de paciente jovem com sinais e sintomas de hipertensão intracraniana idiopática.
Descrição do Caso
Paciente J.S.G.R., sexo feminino, 30 anos, sem histórico de doenças neurológicas, apresentava obesidade grau II (IMC: 37.6 kg/m²) desde 2015, relata que em Abril/2021 iniciou um quadro de cefaleia persistente e visão turva. Em consulta ao oftalmologista, constatou-se papiledema à esquerda em retinografia e angiografia fluorescente, além de alteração do nervo óptico em Ressonância Magnética (RM) de órbitas. Encaminhada ao neurologista foi solicitado líquor com manometria e RM de crânio, que não evidenciaram nenhuma alteração ou achado de tumor, sendo diagnosticada com HII recebendo tratamento com topiramato 25 mg/dia. A orientação inicial foi a realização de cirurgia bariátrica, mas a paciente optou por manter tratamento com mudança de estilo de vida e dieta. Em 26/12/2021, evoluiu apresentando cefaleia intensa com irradiação do centro para o lado direito, zumbido e piora importante da turvação visual, o que motivou a ida ao pronto-socorro. A confirmação da relação dos sintomas com o quadro de HII ocorreu após realização de punção liquórica e monitorização da pressão intracraniana (42mmHg), a paciente recebeu acetozolamida 250mg de 8/8h, recebendo alta após 5 dias e seguimento do tratamento com topiramato. Devido ao quadro grave e risco de cegueira, optou-se pela realização da cirurgia bariátrica em Abril/2022 com resolutividade dos sintomas relativos a HII no período subsequente e melhora da qualidade de vida da paciente. Atualmente, esta tem IMC de 28,6, faz uso de vitaminas e nega qualquer queixa neurológica.
Conclusões e Considerações Finais
O caso reforça a importância de pensar em HII como diagnóstico diferencial em pacientes com sinais neurológicos, e da necessidade do seu tratamento precoce devido a piora do prognóstico pela demora da terapêutica cirúrgica.
Área
Tema Livre
Autores
Bruna Carvalho Borges, Bruna Stefany Rebouças França, Marcelo Calazans Duarte de Menezes, Ryan Lucas Barbosa Oliveira, Laís Souza Vitorino