Dados do Trabalho


Título

ERITEMA NODOSO HANSÊNICO RECIDIVANTE 5 ANOS APÓS INÍCIO DO TRATAMENTO: RELATO DE CASO

Introdução

Eritema nodoso hansênico (ENH) é uma complicação frequente durante e após o tratamento da hanseníase, manifestando-se com nódulos eritematosos dolorosos, acometimento neural e/ou sintomas sistêmicos. Sabe-se que o ENH é uma doença imunomediada, mas a etiopatogenia não é totalmente compreendida. Postula-se que períodos de alterações hormonais intensas, como a perimenopausa, possam predispor quadros mais graves e recidivantes de ENH. A despeito de ser uma causa importante de sequelas, o ENH é uma condição negligenciada, e as opções terapêuticas disponíveis não parecem ser eficazes em todos os pacientes; a corticoterapia (CTC) sistêmica, associada ou não à talidomida, é o tratamento mais adotado, mas apresenta o impasse de apresentar efeitos adversos significativos. Estudos recentes avaliaram o uso de metotrexato (MTX) em casos de ENH recidivantes, tendo sido descritos bons resultados.

Objetivos

Relatar um caso de ENH atípico, de longa data e com resposta insatisfatória ao tratamento.

Descrição do Caso

Paciente feminina, 48 anos, com diagnóstico de Hanseníase Virchowiana em 2016, índice baciloscópico (IB) inicial de 4,25; tratada com Poliquimioterapia-Multibacilar convencional (término: outubro de 2018; tratamento por 2 anos). Paciente vem em seguimento no setor de dermatologia do serviço desde 2017 devido a quadro de ENH recidivante, com dificuldade de desmame da CTC e Talidomida. Paciente acompanhada com a Clínica Médica do serviço para manejo e prevenção de complicações da CTC crônica. As recidivas do quadro de ENH da paciente manifestam-se com nódulos eritematosos dolorosos em membros, edema de MMIIs, parestesias e febre. A paciente também apresenta bolhas e crostas enegrecidas, caracterizando eritema nodoso necrotizante. Optou-se por início de tratamento alternativo com metotrexato (MTX) oral para controle do quadro e posteriormente, tentativa de desmame da CTC; devido a ausência de resposta, introduziu-se MTX SC 25mg/semana (maio de 2022). A paciente, atualmente (agosto de 2022), persiste com recidivas das lesões.

Conclusões e Considerações Finais

A paciente não obteve resposta satisfatória aos esquemas terapêuticos convencionais e alternativos de ENH, mesmo após usar-se a formulação injetável de MTX, visando contornar a absorção intestinal errática da droga por via oral. É possível que as alterações hormonais características da faixa etária da paciente contribuam com o descontrole do quadro. A gravidade do caso evidencia a importância de estudos que investiguem novas abordagens terapêuticas para ENH.

Área

Tema Livre

Instituições

Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

João Ricardo Arraes Oliveira, Maria Luiza Florêncio Laranjeira, Luan Nilton da Silva, Angela Cristina Rapela Medeiros, Silvana Maria de Morais Cavalcanti