Dados do Trabalho

Título

PNEUMONIA INTERSTICIAL USUAL EM PACIENTE COM PAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL: RELATO DE CASO

Introdução

As manifestações pulmonares na infecção pelo vírus linfotrópico da célula T humana (HTLV) podem acometer até 60% dos pacientes, sendo as lesões mais frequentes nódulos centrolobulares, bronquiectasias, opacidade em vidro fosco, espessamento pleural e pneumonia intersticial. Se tratando de pneumonia intersticial, o padrão de pneumonia intersticial não especifica é o mais frequente, seguida pelo padrão da pneumonia intersticial usual (PIU), presente em 9% dos pacientes.

Objetivos

Descrever o caso de uma paciente com infecção por HTLV com pneumonia intersticial usual.

Descrição do Caso

Paciente, feminina, 35 anos, portadora de HTLV há 3 anos, diagnosticada por sorologia positiva após suspeita clínica diante de quadro de parestesia simétrica em membros inferiores (MMII). Ao longo do seguimento, foi reinternada em janeiro de 2022 por quadro de 2 meses de evolução de paraparesia de MMII, com força muscular grau IV, espasticidade leve e reflexos liberados nos quatro membros, com sinal de babinski positivo bilateralmente; além disso, apresentava ataxia importante, que limitava deambulação. Realizou ressonância magnética de crânio com achados inespecíficos de glicose/desmielinização. Avaliada pela neurologia do serviço que a avaliou clínica compatível de paraparesia espástica tropical. Evoluía também com quadro de tosse persistente, dor torácica retroesternal e dispneia aos moderados esforços com piora há 3 meses. Devido sintomatologia, realizou tomografia computadorizada (TC) de tórax com evidências radiológicas de broncopneumonia, sendo instituída terapêutica adequada. Ademais do contexto infeccioso, a imagem trazia formações císticas em camadas na região subpleural dos lobos inferiores, sugestivas de faveolamento (padrão PIU). Diante da forma incomum de acometimento pulmonar, sem causa evidente, realizada investigação de doenças reumatológicas, sem outras patologias que justificassem o padrão relatado, sendo, portanto, o padrão atribuído a infecção pelo HTLV. Optado por seguimento ambulatorial em conjunto com a neurologia.

Conclusões e Considerações Finais

Diante da alta prevalência da infecção de HTLV na América Latina, mais significativamente no Brasil, é importante atentar às manifestações pulmonares dessa patologia, por potencial de comprometimento progressivo da função pulmonar e consequentemente, da qualidade de vida desses pacientes.