Dados do Trabalho

Título

RELATO DE CASO: TUBERCULOSE PULMONAR EM PACIENTE EM TERAPIA COM IMUNOBIOLÓGICOS

Introdução

A tuberculose é uma grande causa de mortalidade dentre os pacientes imunossuprimidos, devido à manifestação ser mais agressiva dada à inadequada resposta de defesa. Neles, os que realizam terapia com imunobiológicos, como inibidores do fator de necrose tecidual alfa (TNF-α), são um potencial grupo de risco. Portanto, faz-se necessária a realização de rastreio para infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis dentre os pacientes em uso de terapia imunossupressora e acompanhamento cuidadoso destes, visto que a doença pode manifestar-se de maneira atípica.

Objetivos

O presente relato de caso objetiva demonstrar a associação entre o uso de terapias imunobiológicas e o risco de infecção por agentes oportunistas, mais especificamente, por M. tuberculosis, ou mesmo de ativação de doença latente, uma vez que essa classe de medicamentos desestabiliza a resposta granulomatosa frente ao bacilo.

Descrição do Caso

Relatamos o caso de um paciente 56 anos, sexo masculino, natural e procedente de Recife-PE, com queixa de tosse seca, febre e astenia há 15 dias, além de diagnóstico de espondilite anquilosante e uso de infliximab (inibidor do TNF-α) há um ano e seis meses. Referiu resultado negativo de prova tuberculínica anterior ao início da terapêutica e contato com filho que, há 15 dias, testou positivo para COVID-19. Ao exame físico, apresentava-se clinicamente estável, em bom estado geral, com saturação de 98% ao ar ambiente e ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Solicitou-se, então, tomografia de tórax e de exame direto, cultura e teste molecular para BAAR no escarro. Micronódulos difusos centrolobulares com padrão de árvore em brotamento, linfonodomegalias mediastinais e pequeno derrame pleural bilateral foram evidenciados na tomografia de tórax, e o teste molecular resultou positivo, enquanto o exame direto e a cultura, negativos. Assim, foi instituído tratamento para tuberculose pulmonar, com uso de esquema quádruplo composto por Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol. Conforme relatado, o paciente não apresentava resultados compatíveis com infecção crônica ou latente de tuberculose, mas, em razão da imunomodulação sofrida pelo uso do infliximab, contraiu a doença com maior facilidade.

Conclusões e Considerações Finais

A partir do apresentado, destaca-se a elevada importância da realização do rastreio de tuberculose nos indivíduos que utilizam terapia imunobiológica, uma vez que estes encontram-se mais suscetíveis à contaminação pelo bacilo ou à reativação de infecção latente.