Dados do Trabalho

Título

Derrame Pericárdico em paciente com tireotoxicose por doença de Graves em um Hospital Universitário do Recife - Relato de caso

Introdução

Várias manifestações cardiovasculares são bem descritas em associação a doença de Graves, como a miocardiopatia, taquicardia sinusal, fibrilação atrial. Entretanto, as efusões pericárdicas são classicamente ligadas ao quadro de hipotireoidismo, sendo incomum em pacientes com hipertireoidismo.

Objetivos

Descrição de caso sugestivo de derrame pericárdico secundário a tireotoxicose em paciente com doença de Graves descontrolada.

Descrição do Caso

Paciente, 55 anos, feminina, admitida em enfermaria por quadro de dor torácica, dispnéia e astenia há 9 dias. Em seu histórico, constava apenas o quadro de hipertireoidismo há 15 anos em uso de Metimazol 10mg/dia. Clinicamente a paciente apresentava bócio difuso, exoftalmia, bulhas normofonéticas, taquicardia (FC 136), hipertensão (PA = 156x100) e turgência jugular. Após 12 horas do internamento, a paciente evoluiu com taquidispnéia, dessaturação em oximetria periférica (SatO2 90%) e febre (temperatura axilar de 37.8C). Optado por transferência à UTI e início de metimazol 80mg/dia, hidrocortisona 300mg/dia e atenolol 100mg/dia. Na admissão em UTI, foi evidenciado volumoso derrame pericárdico na avaliação com ecocardiograma à beira do leito, posteriormente drenado com saída de 600ml de conteúdo serossanguíneo. O estudo do líquido evidenciou 80% de linfócitos (2246) e numerosas hemácias. As pesquisas de Genexpert, PCR urinário e sérico para tuberculose, cultura para germes piogênicos e fungos foram negativos. A paciente foi submetida a Tomografia de tórax e abdome para descartar neoplasias, também sem anormalidades. Evoluiu em leito de enfermaria com melhor controle dos sintomas em uso de beta-bloqueador, metimazol 20mg e corticoide, o qual foi retirado posteriormente. Na investigação do hipertireoidismo, foi solicitado TRAB no valor de 40 e antiTPO maior que 2000. Fechando o diagnóstico de tireoidopatia de Graves. Diante da melhora clínica, a paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial. O derrame pericárdico, diante da exclusão de outras etiologias, foi atribuído ao quadro de tireotoxicose por doença de Graves descontrolada. A paciente segue em acompanhamento ambulatorial, assintomática.

Conclusões e Considerações Finais

O relato é importante para que, apesar das diversas complicações cardíacas clássicas do hipertireoidismo, estejamos atentos à possibilidade de efusões pericárdicas nesses pacientes, para que possamos intervir o mais precocemente, melhorando a recuperação dos mesmos.