Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME DE STURGE-WEBER: UMA FORMA NEUROCUTÂNEA DE EPILEPSIA ESTRUTURAL

Introdução

Inicialmente descrita em 1860, a Síndrome de Sturge-Weber (SSW) é rara (1:50.000 nascimentos), congênita, não hereditária, e a mais frequente das síndromes neurocutâneas.

Objetivos

Relatar e ilustrar um caso típico da SSW que evoluiu com epilepsia associada, com achados de neuroimagem e evolução longitudinal até a vida adulta bem documentados.

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, 41 anos, com história de crises epilépticas desde a infância. O primeiro episódio ocorreu aos 4 meses de idade, descrito pela mãe como crise tônico-clônica. Naquela fase, foram descartadas condições agudas (infecções, trauma etc.) e o histórico da gravidez não tinha intercorrências. Ela desenvolveu crises recorrentes e foi iniciado fenobarbital com boa resposta. Uma pista para o diagnóstico foi a presença de uma mancha facial em coloração de vinho do porto, envolvendo ambos os lados da face, predominantemente nos territórios dos ramos trigêmeos V1 e V2. O desenvolvimento neuropsicomotor estava atrasado, mas ela atingiu as principais marcas com deficiência intelectual leve. Uma investigação neurológica completa foi realizada. A Tomografia cerebral revelou atrofia cerebral assimétrica com calcificações lineares corticais, que foram posteriormente avaliadas com Ressonância Magnética. O estudo mostrou malformações vasculares grosseiras no hemisfério cerebral direito. Ela foi, então, diagnosticada com a SSW e permaneceu livre de convulsões por vários anos em acompanhamento neurológico. Aos 35 anos, recorreu com episódios epilépticos, quando a medicação antiepiléptica foi ajustada até 150 mg e associada ao Clobazam 10 mg/dia com resposta satisfatória até o momento.

Resultados

Conclusões e Considerações Finais

Apesar de ser uma condição neurocutânea rara, a SSW deve sempre ser suspeitada em lactentes que apresentam manchas vinho do porto e epilepsia, como ilustrado no presente caso. Pode ocorrer angiomatose leptomeníngea ipsilateral, que pode ser progressiva e levar a calcificações cerebrais, convulsões, hipertrofia contralateral, hemiparesia e retardo mental. Estudos anteriores revelaram que 75%-100% dos pacientes SSW têm epilepsia. Notavelmente, 30%-52% dos pacientes com SSW desenvolvem epilepsia refratária, que não pode ser resolvida por drogas antiepilépticas. A maioria dos pacientes permanecerá estável sob antieplépticos apropriados, mas para pacientes com SSW com epilepsia refratária, a cirurgia de epilepsia é uma opção.

Área

Tema Livre

Autores

Ana Carolina Guimarães de Melo Albert, Larissa Barros Camerino, Mario Luciano de Melo Silva Júnior, Daniela Guimarães de Melo Nogueira, Breno José Alencar Pires Barbosa