Dados do Trabalho

Título

Comunidade Filus: negros albinos de Santana do Mundaú acompanhados em um hospital universitário do nordeste brasileiro.

Fundamentação/ Introdução

No estado de Alagoas há 79 comunidades remanescentes quilombolas, três em Santana do Mundaú, uma delas, a comunidade Filus, apresenta alta prevalência de albinismo: 12 indivíduos em uma mesma família. Essa é uma doença hereditária autossômica recessiva, em que a melanina é reduzida ou ausente. Os tipos oculocutâneo 1 e 2 afetam homens e mulheres igualmente. A hipopigmentação da pele, pelos e olhos aumenta a susceptibilidade a patologias oculocutâneas pelos raios solares, o que os torna ainda mais vulneráveis, pois sobrevivem do trabalho rural.

Objetivo

Descrever a comunidade Filus, sua alta prevalência de albinos e a prestação de serviços de um hospital universitário para esta comunidade.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo de uma série de casos clínicos de albinismo, no total de 12 pacientes com grau de parentesco, acompanhados por especialistas de um hospital universitário do estado, no período de janeiro de 2009 a agosto de 2022, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Realizou-se a anamnese, construção do heredograma e o exame físico com foco oculocutâneo. A pele foi examinada com dermatoscópio para determinação precisa das lesões suspeitas de malignidade, constatando a necessidade da intervenção cirúrgica. Examinou-se a parte extra e intraocular. Posteriormente, foram analisados os prontuários, possibilitando a reunião dos dados e a descrição da conduta instituída de 2009 a 2022.

Resultados

A família acompanhada possuía 12 membros acometidos por albinismo oculocutâneo, sete do sexo feminino, sendo duas crianças e cinco adultos; e cinco do sexo masculino, quatro crianças e um adulto. Nesse intervalo, duas das albinas adultas faleceram, uma devido a um câncer cutâneo em estágio avançado e outra por uma leucemia. Todos os pacientes apresentavam a pele clara com eritema e manchas hipercrômicas nas áreas expostas ao sol, xerodermia e os pelos amarelos-dourados. No período do estudo, 87,5% dos pacientes necessitaram de intervenções em lesões suspeitas na pele apresentando diagnósticos histopatológicos diversos. Na avaliação oftalmológica detalhada, a alteração mais prevalente foi a fotofobia.

Conclusões/ Considerações Finais

Filus enfrenta várias dificuldades socioeconômicas, além dos casamentos endogâmicos que resultam na alta prevalência de albinos na comunidade, o que demanda acompanhamento médico periódico para a prevenção e intervenção dos distúrbios associados ao albinismo.

Palavras-Chave

Albinismo Oculocutâneo; Fotofobia; Neoplasias Cutâneas.