Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME DO CORAÇÃO PARTIDO SEM GATILHO ESTRESSOR RECONHECIDO: UM RELATO DE CASO

Introdução

A Cardiomiopatia de Takotsubo, ou Síndrome do Coração Partido (SCP), é uma patologia incomum, caracterizada por disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE), que acomete sobretudo mulheres na 6ª década de vida. Cerca de 70% dos casos são precedidos por estresse físico ou emocional e podem gerar danos cardíacos permanentes. Entretanto, o presente estudo relata um caso distinto.

Objetivos

Descrever um caso de SCP sem gatilho estressor reconhecido e com desfecho clínico positivo.

Descrição do Caso

Paciente feminina, 61 anos, negra, agricultora, sem antecedentes cardiovasculares, foi encaminhada à emergência cardiológica com relato de disfagia pós-prandial que evoluiu para episódio emético e desconforto torácico, há 8 horas da admissão. Negava qualquer estresse físico ou emocional anterior ao quadro. Ao exame físico, apresentava bom estado geral, embora taquicardia leve (102 bpm) e pico hipertensivo (150 x 120 mmHg). Na ocasião, foi dosada troponina total (1,250 ng/mL) e realizado eletrocardiograma, que evidenciou supradesnível de segmento ST nas derivações DI e D2 e de V2 a V6, inversão de onda T de V2 a V6, infradesnível de segmento PR em DII, DIII e AVF e supradesnível de PR em AVR. Diante dos achados, foi indicada angiografia coronária, seguida de ventriculografia, que retrataram ausência de ateromatose significativa, porém hipocinesia de ventrículo esquerdo nas regiões ântero-médio apical e ínfero-médio apical, configurando padrão de balonamento. Frente aos aspectos hemodinâmicos, foi apontado o diagnóstico de Cardiomiopatia de Takotsubo e iniciado tratamento clínico. Sete dias após a admissão, a paciente mostrou recuperação clínica completa, sem alterações laboratoriais, e recebeu alta hospitalar com programação de acompanhamento ambulatorial.

Resultados

Conclusões e Considerações Finais

Embora a SCP seja figurativamente reconhecida como uma cardiomiopatia induzida por estresse, até 30% dos pacientes não denotam uma história clínica compatível, reservando o diagnóstico ao contexto hemodinâmico – como o balonamento apical de VE. Além disso, apesar da exuberância clínico-radiológica, é possível que alguns pacientes demonstrem recuperação espontânea das funções sistodiastólicas a médio e longo prazos.

Área

Tema Livre

Instituições

Departamento de Cardiologia do Hospital Agamenon Magalhães (HAM) - Pernambuco - Brasil, Departamento de Clínica Médica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) - Pernambuco - Brasil, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (FCM-UPE) - Pernambuco - Brasil

Autores

Arthur Gabriel Alves Furtado de Carvalho Noya, Carol Dias Gomes da Silva, Bruna Assis Tenório Pinto, Alexandre Vinícius Marinho Borges, Rafael José Coelho Maia