Dados do Trabalho


Título

Manifestação articular associada à síndrome hipereosinofílica: relato de caso

Introdução

A síndrome hipereosinofílica (SHE) é um distúrbio raro estimado em 0.36-6.3/100.000 pessoas, associado à elevada contagem persistente de eosinófilos que ultrapassa 1500 células/mm³. A presença dessa alteração hematológica causa infiltração eosinofílica em diversos tecidos, causando lesão orgânica e, consequentemente, caracteriza o acometimento sistêmico dessa síndrome.

Objetivos

Descrever achados clínicos e conduta adotada em caso de paciente com SHE.

Descrição do Caso

Mulher, 33 anos, evolui em 2011 com quadro de pneumonia eosinofílica, poliartrite de extremidades, alopecia e rash cutâneo difuso. Exames laboratoriais com leucograma > 60.000 com 34% de eosinófilos, mielograma 30% de eosinófilos. Biópsia de lesão cutânea evidenciando infiltrado inflamatório eosinofílico. Tomografía de abdome e tórax evidenciou derrame pleural bilateral, derrame pericárdico, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia pélvica e biópsia hepática mostrou infiltrado leucocitário misto rico em eosinófilos. Aventada hipótese diagnóstica de síndrome hipereosinofílica e iniciado corticoterapia. Paciente evoluiu com melhora clínica, porém em 2014, em desmame de corticoide, paciente evolui com artrite de punho direito. No reinternamento em 2015, para controle de sintomas álgicos articulares em punhos e joelhos, foi optado por iniciar imatinibe associado a otimização de corticoterapia e correção cirúrgica de lesão em punho. Optado, ainda, por solicitação de FAN, anti-DNA, fator reumatoide, complementos, anti-SM com resultado negativos, bem como análise da fusão dos genes FIP1L1-PDGFRA negativa. Em 2018 foi readmitida para avaliação do curso patológico e possível lesão renal (Alb/Cr 44,97), apresentando durante o internamento aumento dos marcadores VSH e PCR. Houve aumento da prednisona de 5mg/dia para 20mg/dia e mantido imatinibe 400 mg/dia, além de tramadol e dipirona com resposta positiva no quadro articular. Apresentou melhora da condição clínica e da função renal (Alb/Cr 21,96). Em 2022, houve suspensão do metotrexato, cursando com piora da artralgia 2 meses após. Diante de quadro clínico, optado por reintrodução metotrexato. Paciente evolui com melhora clínica, sem alterações pulmonares ou cardíacas significativas em exames.

Conclusões e Considerações Finais

Em suspeita de SHE, deve-se realizar extensa investigação para antecipar a terapêutica, garantir bom prognóstico e minimizar danos agudos e sequelas advindas do desacerto da modulação das reações de sensibilidades pela hipereosinofilia.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Pernambuco - Brasil, Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Ernandes Felipe da Silva Oliveira, Maria Eduarda Xavier das Chagas Ferreira, Joanna Thaina Santos Bertolino, Maria Eduarda da Silva Sá, Daniel da Costa Lins