Dados do Trabalho


Título

Medicina de precisão no diagnóstico das doenças metabólicas: lipodistrofia familiar em mulheres com diabetes e esteatose hepática.

Introdução

As lipodistrofias familiares (LF) são um grupo raro e heterogêneo de doenças genéticas. Podem ser homozigóticas ou parciais e caracterizam-se pela atrofia generalizada ou seletiva do tecido adiposo. A principal característica da lipodistrofia familiar parcial (FPLD) é a resistência insulínica, mecanismo associado ao desenvolvimento de doenças metabólicas como diabetes mellitus (DM), hipertrigliceridemia, esteatose hepática e síndrome dos ovários policísticos.

Objetivos

Relatar dois casos de pacientes com diabetes e esteatose hepática, com mudança no diagnóstico e na abordagem terapêutica após mutação genética confirmada para FPLD.

Descrição do Caso

Mulher, 45 anos, DM 2 há 8 anos, hipertrigliceridemia e lesões cutâneas em antebraços, coxas e glúteos há 7 anos. Refere dieta irregular, sedentarismo, tabagismo. Uso de Insulinoterapia Dose total (DTT: 110 UI; 1,5 U/kg/dia de insulina), metformina 2g/dia e pioglitazona 30mg/dia. No exame apresenta: acantose nigricans, redução do tecido adiposo em membros e glúteos, associada a hipertrofia muscular e flebomegalia. Exames laboratoriais: Glicemia jejum: 384mg/dL, Hemoglobina Glicada (HbA1c)=9,5% Triglicerídios (TG)=7528 mg/dL Colesterol Total= 1096 mg/dl, Col. HDL=24mg/dL. Percentual de gordura (DEXA): 20,8% e relação do percentual de gordura tronco/membros: 1,11; USG de abdome: Esteatose hepática. DIAGNÓSTICO GENÉTICO: Mutação no gene PPARG, Diagnóstico: FPLD 3. CASO 2: Mulher, 24 anos, diabética há 4 anos, mal controle glicêmico, nega cetoacidose. Insulinoterapia com DTT:1,8 U/kg/dia, nega tabagismo e etilismo. HbA1c: 12%. USG de abdomen: esteatose hepática; DIAGNÓSTICO GENÉTICO: Mutação no gene LMNA Diagnóstico: FLPD tipo 2 (Dunning).

Conclusões e Considerações Finais

Em ambos os casos, o fenótipo típico das FPLD foi confirmado através de teste genético com potencial mudança de conduta e com o tratamento voltado para as complicações metabólicas e fisiopatologia relacionada à lipodistrofia como o uso do análogo de leptina, metreleptina. Quanto maior a redução da gordura corporal, menores os níveis de leptina e mais severa são as alterações lipídicas, principalmente às custas dos triglicerídeos. A raridade da doença (estimada em 1:1 milhão), leva ao diagnóstico de síndrome metabólica, resultando em subdiagnóstico e inadequado tratamento clínico. Terapias convencionais como metformina, estatinas, fibratos e glitazonas, são pouco efetivas, o diagnóstico preciso é imprescindível para seu reconhecimento e prevenção de consequências graves.

Área

Tema Livre

Instituições

Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) - Pernambuco - Brasil, Hospital Barão de Lucena (HBL) - Pernambuco - Brasil, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Pernambuco - Brasil

Autores

Maria Eduarda Lins Arraes Ramos , Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro, Maria Fernanda Peixoto Matos , João Paulo Vieira e Silva de Albuquerque, Pedro Cordeiro Leite