Dados do Trabalho
Título
Avaliação da associação comórbida entre migrânea e hipotireoidismo: uma revisão integrativa da literatura.
Fundamentação/ Introdução
A migrânea e o hipotireoidismo constituem condições médicas comuns e estudos sugerem uma possível relação comórbida entre eles.
Objetivo
Analisar, na recente literatura, se há associação entre migrânea e hipotireoismo.
Delineamento e Métodos
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura baseada na análise de 4 artigos de língua inglesa e 1 de língua espanhola, selecionados dentre 21 estudos encontrados com os descritores “Transtorno de Enxaqueca”, “Hipotireoidismo” e “Cefaleia”, nas bases de dados MEDLINE e LILACS, pertencentes ao período de 2019 a 2022.
Resultados
Os estudos analisados demonstraram que pacientes com hipotireoismo têm maior prevalência de migrânea com ou sem aura, além de risco acrescido para o desenvolvimento e cronificação desse tipo de cefaleia durante a vida. Os mecanismos patogênicos dessa relação são incertos, mas sugere-se que há participação genética importante através de polimorfismos em nucleotídeos de genes reguladores do sistema autoimune, como o gene do antígeno leucocitário humano. Além disso, acredita-se que o papel dos hormônios tireoidianos na neuromodulação do sistema nervoso central e que o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide estejam envolvidos nos mecanismos da dor, achado congruente com a observação de que alguns analgésicos parecem modular a secreção de hormônio tireoestimulante, e sabendo-se que o hipotireoidismo já é uma causa conhecida de cefaleia em, ao menos, ⅓ das pessoas afetadas. Outros estudos indicam ainda que a ação dos hormônios tireoidianos no metabolismo celular agrava a migrânea, na qual foi observado um desbalanço entre o suprimento e a demanda energética cortical que é acentuado pelo déficit metabólico do hipotireoidismo. Esse último dado é corroborado pela prevalência 8,4 vezes maior do hipotireoidismo em pacientes com migrânea crônica em relação aqueles com sua forma episódica. Evidências também sugerem que o hipotireoidismo está associado à deficiência de calcitonina, a qual é correlatada ao peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, um neurotransmissor que mostrou-se largamente envolvido na dor da migrânea. Somados, esses achados indicam uma relação bidirecional entre migrânea e hipotireoidismo.
Conclusões/ Considerações Finais
Os estudos demonstraram significativa relação comórbida entre migrânea e hipotireoidismo. No entanto, apesar dos dados de prevalência e aspectos que possibilitam essa associação, os fatores precisos envolvidos nela ainda não estão bem elucidados.
Palavras-Chave
Transtorno de Enxaqueca, Hipotireoidismo, Cefaleia
Área
Tema Livre
Instituições
Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil
Autores
Arycia Laís Nascimento Cunha, Bianca Guirra Matos de Oliveira, Lucas Sandes de Lima, Joshua Henrique de Melo Santos, Beatriz Ximenes Bandeira de Moraes