Dados do Trabalho


Título

Fenômeno de Bancaud como marcador de lesão estrutural occipital associada a epilepsia e dermatite seborreica em ambulatório de neurologia

Introdução

O caso traz manifestações típicas e singulares de um paciente com lesão crônica cerebral, predominante em lobo occipital direito, acompanhado em ambulatório de neurologia.

Objetivos

Chamar atenção da comunidade médica sobre a investigação de pacientes epilépticos, visando um melhor manejo das manifestações clínicas.

Descrição do Caso

Masculino, 32 anos, internado aos 8 meses de idade com anemia grave e crises tônico-clônicas. Em uso de anticonvulsivantes desde então. Em 31/05/2022 queixa-se de “tonturas há 4 meses”, caracterizadas por: diplopia, vertigem objetiva, rigidez muscular, abasia, astasia, sem ptialismo, sem gatismo, com letargia pós-ictus. Nega alucinações. Histórico de Arquilalia e arquifasia. Exame físico: hemiparesia esquerda, hiperreflexia, linguagem estereotipada, pensamento oligotemático, abstrações medianas, marcha hemiparética, lesões de pele eritematosas de bordos limitados. RM revela hipotrofia de hemisfério direito, com cicatriz de gliose macrocítica. EEG mostra atividade epileptogênica inequívoca, com lentificação de ritmos globalmente, redução de coerência entre hemisférios(amplitude reduzida a direita) e fenômeno de Bancaud a direita. Sendo prescritos carbamazepina, fenobarbital, clobazam, levetiracetam, ácido fólico e vitamina D. Após 2 meses, retorna em uso regular das medicações, sem crises nem vertigem há 30 dias. Preocupa-se com as lesões de pele e descamações do couro cabeludo, sendo iniciado tratamento para dermatite seborréica associada a psoríase.

Resultados

Convulsões do lobo occiptal representam somente 5% das crises convulsivas, podendo ter uma lesão no lobo occipital associada, como no caso do paciente em questão, em que a cicatriz de gliose macrocítica predominantemente na região occipital direita levou também a hemiplegia esquerda, hiperreflexia e alterações compatíveis com retardo mental superficial. As apreensões do lobo occipital cursam com alterações visuais como a diplopia. Em outro aspecto, devido a origem embrionária comum, doenças neurológicas estão associadas ao desenvolvimento de lesões de pele como a dermatite seborreica. No EEG, a ausência unilateral direita de atenuação alfa à abertura ocular – fenômeno de Bancaud – denota lesão occipital direita importante, compatível com as imagens da RM. O ritmo de fundo lentificado explica a ocorrência de fenômenos epilépticos.

Conclusões e Considerações Finais

O paciente cursa com melhora clínica e continua sendo acompanhado rotineiramente. Ressalta-se a atenção para o manejo de epilepsias com lesões corticais associadas e sintomas atípicos.

Área

Tema Livre

Autores

Zenilda Gueiros Silvestre, Thiago Henrique da Silva Moraes, Élder Machado Leite