Dados do Trabalho


Título

Miopatia necrotizante autoimune induzida por estatina em paciente hepatopata: um relato de caso

Introdução

Estatinas são medicações amplamente utilizadas no manejo da dislipidemia. Apesar de bem toleradas, estão associadas a efeitos colaterais, sendo o mais comum o acometimento muscular, relatado em 10-25% dos pacientes, se manifestando, principalmente, com mialgia. No entanto, em pacientes predispostos, pode ocorrer miopatia necrotizante autoimune, cursando com altos níveis de creatinofosfoquinase (CPK) e fraqueza muscular proximal. Essa manifestação é um efeito colateral raro, acometendo 2-3 pacientes a cada 100.000. Embora desencadeado pela droga, o processo inflamatório não melhora após sua suspensão, o que a diferencia da miopatia tóxica induzida por estatina, cuja melhora e redução da CPK é esperada cerca de 72h após interrupção do uso. Entre os fatores de risco estão a doença hepática crônica descompensada, idade acima de 50 anos, diabetes mellitus descompensada e doença renal crônica. Os anticorpos envolvidos são anti-HMGCR ou anti-SRP. O tratamento é feito com prednisona 1mg/kg/dia, podendo ser associados outros imunossupressores em casos graves.

Objetivos

Descrição de caso sugestivo de miopatia necrotizante autoimune em paciente usuária de estatina e portadora de cirrose hepática.

Descrição do Caso

Mulher, 74 anos, com internamento anterior por descompensação de doença hepática crônica, recebeu alta em uso de Sinvastatina 40mg/dia por quadro de dislipidemia. Após 52 dias, evoluiu com fraqueza proximal progressiva em membros inferiores e superiores. Apresentava CPK de 7406, sendo realizado o manejo da rabdomiólise e suspensão da estatina. A despeito da suspensão da droga, paciente persistia com piora da força muscular e elevação de CPK. Diante da ausência de melhora, aventada a hipótese de miopatia necrotizante autoimune desencadeada por estatina e iniciado prednisona 1mg/kg. Após dois dias a paciente evoluiu com melhora da força e redução progressiva dos níveis de CPK, sendo realizado o diagnóstico presuntivo da doença diante do quadro clínico e da respota à corticoterapia. No entanto, apesar da melhora da miopatia, a paciente, portadora de cirrose CHILD C11, evoluiu com disfunção hepática e síndrome hepatorrenal, evoluindo para o óbito 23 dias após a admissão.

Conclusões e Considerações Finais

O relato de caso é importante para que, diante dos casos de fraqueza muscular e elevação de CPK em pacientes usuários de estatina, a hipótese de miopatia necrotizante autoimune seja aventada, em especial nos grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Marina Coelho Moraes de Brito, Christyanne Maria Rodrigues Barreto de Assis, Victoria Pimentel Jatobá, Murilo Pereira Alves Junior, Clezio Cordeiro de Sá Leitão