Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME DE HIPERVISCOSIDADE SECUNDÁRIA A QUADRO DE MIELOMA MÚLTIPLO

Introdução

Síndrome da hiperviscosidade (SHV) é caracterizada pelo aumento da viscosidade sérica sanguínea e, consequentemente, redução do fluxo. Essa condição está relacionada ao aumento dos componentes celulares ou acelulares do sangue, sendo estes últimos monoclonais ou policlonais. Entre as doenças monoclonais tem-se o mieloma múltiplo (MM), no qual há a proliferação clonal de plasmócitos responsáveis pela produção da imunoglobulina. A tríade clínica da SHV é constituída por sangramento de mucosas, anormalidades visuais e anormalidades neurológicas.

Objetivos

Relatar caso de SHV desencadeado por MM.

Descrição do Caso

Paciente feminino, 58 anos, iniciou quadro de dor em coluna torácica com irradiação para hipocôndrios e membro inferior esquerdo, de forte intensidade e rápida progressão, sem sintomas associados. Buscou diversas vezes a emergência, sendo tratada com sintomáticos, mas apresentando recorrência do sintoma. Foi internada em hospital secundário, onde apresentou quadro gripal com baixa acuidade auditiva e zumbidos à esquerda, além de episódios de epistaxe e hematoquezia. Após 12 dias, acordou com redução importante da acuidade visual do olho esquerdo, não conseguindo diferenciar cores ou definir objetos, além de perceber pequena diferença entre claro e escuro e conseguir visualizar alguns movimentos. Nega correção com uso dos óculos e alterações visuais no olho direito. Foi transferida ao Hospital Universitário Walter Cantídio para investigação. Exames laboratoriais mostraram disfunção renal (creatinina 2,85mg/dL), anemia (hemoglobina 7,9g/dL), e inversão da relação albumina/globulina (proteínas totais 10,9g/dL, albumina 2,8g/dL, e globulinas 8,1g/dL). Devido à suspeita de MM, foi realizada eletroforese de proteínas séricas, evidenciando pico monoclonal na fração gama. Mielograma e imunofenotipagem demonstraram 20% de plasmócitos clonais. Foi avaliada pela oftalmologia, que diagnosticou trombose da veia central da retina. Como já não apresentava mais sintomas de hiperviscosidade no momento do diagnóstico, não foi realizada a aférese, iniciando tratamento com o protocolo Bortezomibe + Ciclofosfamida + Dexametasona.

Resultados

Conclusões e Considerações Finais

A SHV é uma complicação rara do MM, devendo ser sempre lembrada nos pacientes com sintomas compatíveis. Dado o risco de evoluir com quadro grave e irreversível, como perda visual secundária à trombose da veia central da retina, deve-se iniciar aférese logo após a suspeita clínica, enquanto se espera confirmação diagnóstica.

Área

Tema Livre

Autores

Mariana Carvalho Oliveira, Sarah Dias França Borba, Wêndel Carvalho Oliveira, Alexandre Martins Desidério, Paulo Henrique Aguiar Medeiros