Dados do Trabalho
Título
Os desafios no diagnóstico da doença inflamatória intestinal: um relato de caso
Introdução
Introdução: Na Retocolite Ulcerativa (RCU) o envolvimento do reto é uma marca clínica e patológica sendo, em geral, o reto a região mais gravemente acometida. No entanto, existem relatos de uma distribuição atípica da mucosa inflamada em que o reto pode estar parcial ou completamente poupado. O reconhecimento desses casos é importante para evitar o diagnóstico incorreto de Doença de Crohn (DC) e constitui um desafio dentro do manejo das doenças inflamatórias intestinais (DII).
Objetivos
Objetivos: Relatar o caso de um paciente com RCU que poupava reto na colonoscopia e teve inicialmente o diagnóstico confundido com DC.
Descrição do Caso
Descrição do caso: Paciente, 73 anos, sexo masculino, sem comorbidades, com quadro de diarreia aquosa (5-6 episódios/dia), sem muco ou sangue, associada a dor abdominal difusa e febre há 2 meses. Apresentava também hiporexia e perda ponderal de 7 kg. Exames laboratoriais mostraram anemia (Hb 10 g/dL) normocítica e normocrômica com RDW aumentado e hipoalbuminemia. Colonoscopia apresentava reto com mucosa de aspecto habitual, com válvulas de Houston íntegras. A partir de sigmoide até ceco, observou-se mucosa com perda do padrão vascular, com algumas erosões recobertas por fibrina, além de úlceras rasas. Os achados eram mais evidentes em cólon esquerdo e transverso, com perda evidente das haustrações, intensa friabilidade da mucosa, múltiplos pólipos, úlceras longitudinais maiores (até 10 mm), áreas de mucosa tipo granular, com aspecto de cobblestone (pedra de calçamento), além de pequenos segmentos (< 3 cm) com redução parcial da luz do órgão. íleo terminal examinado por 20 cm, apresentando mucosa de aspecto preservado. As alterações eram contínuas de descendente até ceco (mais intensas em descendente e transverso). O histopatológico evidenciou ileíte crônica leve, colite aguda e crônica moderada em ceco e cólon ascendente e acentuada em transverso, descendente e sigmóide, além de retite aguda e crônica moderada, favorecendo o diagnóstico de RCU. Iniciado prednisona 10mg e mesalazina 800mg, apresentou boa evolução clínica, com evacuações diárias sem alterações e ganho de 6,5 kg em 6 meses de tratamento.
Conclusões e Considerações Finais
Considerações finais: O desafio diagnóstico no espectro das DII em diferenciar RCU de DC deve ser considerado. É descrito que a atividade da doença pode afetar a avaliação das características morfológicas e que a avaliação histológica em uma eventual fase quiescente pode auxiliar nos casos mais desafiadores, sendo pertinente não retardar o tratamento.
Área
Tema Livre
Autores
Beatriz Costa Nava Martins, Maria Vitória Silva de Lima, Joanna Thainã Santos Bertolino, Lucas Sued Calaca de Araújo, Moara Maria Silva Cardozo