Dados do Trabalho


Título

Peritonite lúpica: manifestação rara da atividade de doença

Introdução

O acometimento das membranas serosas, especialmente do pericárdio e da pleura, é relativamente comum no lúpus eritematoso sistêmico (LES), porém a presença de peritonite é extremamente rara.

Objetivos

Relatar um caso de ascite de etiologia rara em paciente portadora de LES

Descrição do Caso

Paciente, sexo feminino, 18 anos, portadora de LES, admitida por dor abdominal difusa há 3 semanas. A dor apresentava irradiação para dorso, caráter progressivo, forte intensidade, sem fator desencadeante ou de alívio, refratária à analgesia e associada a distensão, êmese, sonolência, letargia, irritação peritoneal. A paciente em questão estava em terapia substitutiva renal há 01 ano e tinha antecedente de apendicectomia. Na admissão, apresentava estado geral decaído, hipocorada, taquipneica, com fáceis de dor e temperatura subfebril. Seu abdome era globoso, tenso, com intensa dor à palpação superficial e dor à descompressão súbita. Diante da possibilidade de abdome agudo inflamatório, foi iniciado antibioticoterapia e solicitados exames. No laboratório chamava atenção leucocitose sem desvios e anemia. A ultrassonografia sugeriu colecistite alitiásica, sendo optado por prosseguir com tomografia (TC) de abdome sem contraste. Tal exame demonstrou surgimento de líquido livre abdominal, sem borramento de estruturas. Na ocasião, paciente apresentava irritação peritoneal e defesa abdominal ao exame físico. A despeito de 7 dias de antibioticoterapia e da melhora laboratorial, paciente não apresentou melhora clínica, persistindo com dor, distensão, irritação peritoneal e febre. Foi solicitada uma TC de abdome com contraste que evidenciou aumento do derrame cavitário em relação ao exame anterior. Nesse momento, novo laboratório flagrou aumento de 4x dos níveis de amilase/lipase e hipocomplementenemia (C3:56/C4:6.9). Os exames solicitados para prosseguir investigação da pancreatite não apresentaram alterações. A punção de líquido ascítico evidenciou aumento dos polimorfonucleares e dos níveis de amilase e lipase, sem crescimento de bactérias. Em virtude de não haver sinais de infecção e pela hipótese de pancreatite/peritonite lúpica, foi optado por início imunossupressão e suspensão do antibiótico.

Conclusões e Considerações Finais

A peritonite lúpica é caracterizada por ascite e por dor abdominal com sinais de irritação peritoneal secundário à serosite estéril, associado à atividade do LES. Sintomas simulam o abdome agudo cirúrgico. O diagnóstico e tratamento precoces são os fatores mais importantes para reduzir a mortalidade.

Área

Tema Livre

Autores

Bárbara Vanessa Pacheco Souza, Matheus Ribeiro Barros Correia, Thales Antonio Tenório Gonçalves, Vinicius Ribeiro Barros