Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO E MANEJO DA SÍNDROME DA BOCA ARDENTE EM PESSOA IDOSA: RELATO DE CASO

Introdução

A Síndrome da Boca Ardente (SBA) é uma condição crônica de etiopatogenia indefinida caracterizada pela sensação dolorosa de queimação na língua e outras estruturas da cavidade oral. A SBA é mais prevalente em mulheres na peri e pós-menopausa e, com frequência, é concomitante a desordens psicológicas, como ansiedade e depressão. Suas variadas manifestações e complexa etiologia dificultam o diagnóstico e tratamento. Assim, por auxiliar no diagnóstico e manejo sintomatológico, o estudo do quadro clínico é pertinente para melhoria da qualidade de vida dos idosos com SBA.

Objetivos

Descrever a apresentação e condução de um caso clínico de paciente com SBA.

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, 68 anos, hipertensa e com quadro depressivo desde 2015. Em acompanhamento ambulatorial, em 2017, queixava-se de ardor intenso no dorso da língua e nos lábios associado à amargor, que intensificava com o estresse e amenizava com a ingestão de água gelada. No exame físico, evidenciou-se xerostomia leve, sem outras lesões na mucosa oral. Usou saliva artificial por orientação do cirurgião dentista, sem melhora. Também realizou exames laboratoriais, que não apresentaram alterações. Assim, passou a se automedicar para manejo do quadro, iniciando com bicarbonato de sódio e pomada de triancinolona acetonida. Entretanto, durante 2 anos, persistiu sintomática com queimação e dor crônica. A impressão diagnóstica era de componente neuropático. Em nova avaliação geriátrica, recebeu o diagnóstico de SBA em 2019. O tratamento foi iniciado no mesmo ano com clonazepam em gotas (bochechar e cuspir), que propiciou melhora dos sintomas, mas causou sonolência diurna excessiva, pois, de maneira eventual, a paciente involuntariamente engolia a solução. Por isso, a dosagem noturna foi reduzida, com menor impacto diurno e mantendo benefício sintomático. Ademais, por provável associação com a SBA, foi otimizado o tratamento antidepressivo com duloxetina e trocou-se o enalapril pela losartana. Atualmente, a paciente encontra-se eutímica, com melhora significativa do quadro.

Conclusões e Considerações Finais

A SBA pode comprometer a qualidade de vida do paciente e o diagnóstico baseia-se na realização detalhada da anamnese e exame físico, além da avaliação laboratorial e odontológica, para exclusão de diagnósticos diferenciais. Embora, os benzodiazepínicos sejam potencialmente inadequados para uso em pessoas idosas, o clonazepam tópico pode ser efetivo no manejo da síndrome.

Área

Tema Livre

Instituições

HUOC - Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Pernambuco - Brasil

Autores

Evelyn Andrade de Santana, Maria Luiza Vasconcelos Montenegro, Fernanda Barboza de Carvalho Santana, Marcela Vasconcelos Montenegro, Victor do Amaral Dias