Dados do Trabalho
Título
PREVALENCIA E FATORES ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DE DIABETES MELLITUS APOS TRANSPLANTE HEPATICO
Fundamentação/Introdução
Os distúrbios endócrino-metabólicos pós-transplante de órgãos, incluindo o diabetes mellitus (DM), são cada vez mais frequentes. Múltiplos fatores de risco estão envolvidos, como imunossupressão (ISS), intercorrências clínicas do paciente, idade, ganho de peso e hábitos inadequados. Poucos estudos abordam especificamente pacientes o diabetes pós-transplante hepático (DMPT), sendo a maioria dos dados relacionados ao transplante renal, o que justifica a realização de estudos visando elucidar fatores e recomendações associados ao desenvolvimento de DM em transplantados hepáticos.
Objetivos
Estudar a prevalência de casos de DM pré e pós-transplante hepático, relacionando a fatores de risco como idade, sexo, causa do transplante e ISS com tacrolimus.
Delineamento e Métodos
Estudo retrospectivo, dos prontuários de 409 pacientes submetidos a transplante hepático, de 2009 a 2018. Selecionados 150 pacientes, com alterações glicêmicas, prévias e/ou posteriores ao transplante hepático. Os pacientes foram divididos em grupos que não desenvolveram DMPT (Grupo 1) e que desenvolveram DMPT (Grupo 2).
Resultados
Entre os pacientes 54 já eram portadores de DM pré-transplante, 52 não desenvolveram DMPT (Grupo 1) e 44 desenvolveram DMPT (Grupo 2) ao longo do período estudado. Observou-se uma incidência de 10,75% de DMPT e uma prevalência de 24% de DM tanto pré quanto pós-transplante. Das causas de transplante no Grupo 2, 31,8% foram a cirrose etanólica e 22,7% o HCV, enquanto no Grupo 1, 40,9% foram a cirrose etanólica e 31,8% o HCV. No Grupo 1, 75% dos pacientes eram homens, 92,3% usavam tacrolimus e 44,2% tinham mais de 60 anos. Já no Grupo 2 eram 66% homens, 90,9% usavam tacrolimus e 38,6% tinham mais de 60 anos. Um total de 20,45% dos pacientes do Grupo 2 apresentavam associação de todas as variáveis citadas acima.
Conclusões/Considerações Finais
No Grupo 2, a maioria dos pacientes apresentavam fatores de risco para DM, como idade> 60 anos, IMC>25kg/m2 e uso de tacrolimus. Nesse grupo, considerando pacientes com todos esses fatores de risco coexistentes, houve uma incidência de 20,45% de DMPT, semelhante à encontrada na literatura para outros tipos de transplante. A continuidade do estudo é essencial para identificar as variáveis mais relevantes no desenvolvimento de DMPT hepático, além de auxiliar na definição do melhor seguimento e monitoramento endocrinológico dos pacientes, uma vez que, nesses casos, ainda são adotadas as mesmas recomendações feitas à população em geral.
Palavras Chaves
transplante hepático, Diabetes Mellitus, Diabetes Mellitus pós-transplante, tacrolimus
Área
Clínica Médica
Autores
RAQUEL GOMES CASTANHEIRA, Daniela Matinelli, Agnaldo Soares Lima, Márcio Wessheimer Lauria