X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Um caso insólito da amaurose em paciente com neurossífilis

Fundamentação/Introdução

A sífilis é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Treponema pallidum, que ao invadir SNC, pode determinar quadros clínicos variados, com formas meningovasculares ou parenquimatosas, formas estas que designam a neurossífilis (NS). O diagnóstico da NS pode ser realizado por anamnese, exame físico e exames complementares com análises do soro sanguíneo e LCR, com testes não treponêmicos e treponêmicos, além dos exames de imagem que permitem identificar alterações cerebrais. A primeira linha de tratamento preconizado consiste na administração de 18-24 milhões Ui por dia de penincilina G cristalina, por via EV, por 10 a 14 dias. Deve-se realizar punção lombar de 6 em 6 meses até a normalização da contagem celular.

Objetivos

Tem por objetivo demonstrar a importância de se realizar diagnóstico diferencial em pacientes com sífilis, com quadro semelhante.

Descrição do caso

BRF, 58 anos, masculino, solteiro, aposentado, comparece a UBS Santo Antônio Faceres, com queixa de que, há 2 anos iniciou com diminuição da acuidade visual em olho direito, alteração da motricidade ocular extrínseca com ptose palpebral, há 1 ano evoluindo para olho esquerdo com semiptose palpebral, ambos os olhos em abdução. Foi encaminhado para o ambulatório de oftalmologia e neurologia para acompanhamento, onde foram realizados RNM e TC de crânio normais, permanecendo sem diagnóstico. Há 6 meses retorna a UBS, com amaurose bilateral, parestesia em face direita e perda gustativa para salgado, foi encaminhado para equipe de neurologia do HB para investigação e acompanhamento. Foram solicitados exames para sífilis, com FTA-ABS de líquor reagente, VDRL reagente 1/64, RNM de crânio com imagens puntiformes em T2, raras e esparsas na substância branca periventricular e subcortical com predomínio nos lobos frontais, inferindo microangiopatia com diagnóstico de neurossífilis (NS), permanecendo internado durante 21 dias em uso de penicilina cristalina 4 milhões UI de 4/4 horas. Refere não ter melhora após internação. Paciente previamente hígido, sem parceiras fixas, mantendo relação sexual desprotegida.

Conclusões/Considerações Finais

O caso evidencia a forma parenquimatosa de NS, ocorrendo tardiamente, com atrofia óptica e déficit da acuidade visual, levando a amaurose. Apresentando VDRL, FTA-ABS e LCR reagentes, em acompanhamento clínico e laboratorialmente, com estabilidade do quadro. O tratamento para todas as formas de sífilis continua a ser penicilinoterapia e a melhor forma de prevenir a neurossífilis é o tratamento adequado da sífilis precoce.

Palavras Chave

Neurossífilis, sífilis, amaurose

Área

Clínica Médica

Instituições

FACERES - São Paulo - Brasil

Autores

CYNTHIA VIEIRA SILVA, MICHELE PERES MORAES ACCARINI