X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

SALMONELOSE SEPTICEMICA PROLONGADA ASSOCIADA A ESQUISTOSSOMOSE: RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

A enterobacteriose septicêmica prolongada (ESP) decorre da coinfecção por enterobactérias e Shistossoma. No caso específico da Salmonella, as bactérias alojam-se no tegumento e nos intestinos do parasita e, intermitentemente, são lançadas na circulação, provocando a bacteremia recorrente.
O quadro clínico difere tanto daquele associado à esquistossomose quanto pelo causado por salmonelas patogênicas isoladamente, resultando em uma entidade clínica individualizada, de início insidioso e febre prolongada e irregular. Evolui com hepatoesplenomegalia importante, dor abdominal e diarreia com sangue e muco. Embora haja acentuado comprometimento do estado geral e bacteremia, os pacientes não aparentam estar toxemiados.

Objetivos

No Brasil, o primeiro caso relatado data de 1954, porém, a literatura é escassa. Objetivamos, assim, evidenciar a relevância do tema por meio da exposição da prática clínica.

Descrição do caso

JVCP, 17 anos, admitido com dor abdominal, febre, cefaleia, vômitos, diarreia, hiporexia, desidratação e mialgia de início há 8 dias, com perda ponderal de 3 quilos. Nega contato com águas naturais, enchentes e esgoto.
Ao exame: regular estado geral, lúcido, corado, hidratado, acianótico, anictérico, febril. Eupneico. Frequência cardíaca 60 batimentos por minuto.
Aparelho digestório: plano, flácido, difusamente doloroso à palpação, hepatoesplenomegalia.
Laboratório: leucocitose, 4 eosinófilos.
Ultrassonografia abdominal: vesícula de parede espessada e líquido livre na pelve.
Submetido a laparotomia exploratória que evidenciou múltiplas lesões puntiformes hepáticas e em intestinos delgado e grosso com adenite mesentérica. Iniciado ceftriaxona.
Paciente manteve debilidade clínica e leucocitose arresponssiva à antibioticoterapia (dia 6).
Biópsia: linfadenite esquistossomótica. Hepatopatia em atividade com eosinofilia e esboço de granulomas, compatível com esquistossomose hepática. Esquistossomose intestinal.
JVCP apresentou melhora clínica completa 5 dias após administração de Praziquantel.

Conclusões/Considerações Finais

No Brasil a esquistossomose é uma das mais significativas endemias parasitárias. Estima-se que existam seis milhões de infectados, principalmente jovens entre 10 e 30 anos que apresentam, usualmente, boa resposta à terapêutica antibacteriana. Porém, as recaídas são frequentes enquanto não se elimina concomitantemente o esquistossoma, aumentando a morbidade, o tempo de internação e os gastos públicos.

Palavras Chave

SALMONELOSE; ESQUISTOSSOMOSE; ENTEROBACTERIOSE; SEPSE

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Arnaldo Gavazza Filho - Minas Gerais - Brasil

Autores

RAQUEL FERNANDES DE BARROS, NATÁLIA DE LACERDA MOREIRA, ALISSON MARQUES QUINTÃO, IOLANDA CASTRO DE REZENDE FARIA, GUSTAVO FERREIRA RIBEIRO, THIAGO CARNEIRO MACHADO, ROVILSON LARA, AFONSO CÂNDIDO DA SILVA FILHO