X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

LINFOMA PRIMARIO DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

O linfoma primário de sistema nervoso central (LPSNC) é uma variante incomum do linfoma não-Hodgkin extranodal que envolve cérebro, leptomeninges, olhos, ou medula espinhal sem evidências de doença sistêmica. O principal fator predisponente é a imunodeficiência. Na ausência desta, há associação com síndromes gripais, doenças do trato gastrointestinal e autoimunes.

Objetivos

Relatar um caso de linfoma de SNC.

Descrição do caso

Trata-se de paciente M.S., masculino, 47 anos, etilista pesado, sem outras comorbidades, admitido devido a quase-afogamento após crise convulsiva. Evoluiu com SARA grave, instabilidade hemodinâmica, insuficiência renal aguda dialítica transitória e novas crises convulsivas durante a internação. Tomografia computadorizada (TC) de crânio da admissão sem alterações. Após estabilização, apresentou confusão mental, febre, e déficit fascio braquial à direita, com teste do desvio do pronador positivo à direita e desvio de comissura labial para a esquerda. Exames laboratoriais demonstraram aumento de PCR, ausência de leucocitose, íons e função renal dentro dos limites da normalidade. Líquor com glicose normal, lactato pouco elevado, proteinorraquia e leucócitos 1.500, sendo 45% linfócitos e 51% neutrófilos. Cultura, pesquisa de fungos, VDRL, pesquisa de criptococo e cultura para listeria no líquor negativos. Anti-HIV negativo. Optado por iniciar antibioticoterapia em doses para SNC. Nova TC de crânio demonstrou lesão hipodensa subcortical em lobo parietal esquerdo, poupando córtex. Pensou-se em cerebrite de etiologia hematogênica, sendo mantido o tratamento prolongado com meropenem e vancomicina. Dada a ausência de resposta, foi realizada TC de crânio com contraste, que afirmou lesão irregular, de aspecto infiltrativo, com captação de contraste e edema perilesional, maior em relação à TC anterior. O paciente não respondeu à antibioticoterapia, mantendo picos febris ocasionais, piora progressiva do déficit para força grau 3 em membro superior direito. Questionado o diagnóstico e realizada, por fim, ressonância nuclear magnética (RNM) com espectroscopia, que demonstrou achados condizentes com linfoma de SNC.

Conclusões/Considerações Finais

A maioria dos casos de LPSNC é do subtipo difuso de grandes células B, extremamente agressivo. Cerca de 10% não são visualizados na tomografia, sendo a RNM o método indicado para investigação. O diagnóstico requer alto grau de suspeição. O atraso no tratamento é variável importante na redução de sobrevida.

Palavras Chave

linfoma, linfoma não-Hodgkin, tumor de sistema nervoso central.

Área

Clínica Médica

Autores

GABRIELA PATRUS ANANIAS DE ASSIS PIRES, RUBIA MORESI VIANNA OLIVEIRA, JOICE COUTINHO ALVARENGA, FRANCISCO PATRUS ANANIAS DE ASSIS PIRES, PEDRO HENRIQUE BATISTA MIRANDA