Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: ENDOCARDITE BACTERIANA POR ENTEROBACTER CLOCAE PRODUTOR DE CARBAPENEMASE ASSOCIADA A MARCAPASSO
Fundamentação/Introdução
Ainda que a prevalência dos microrganismos causadores de endocardite infecciosa (EI) tenha mudado nos últimos anos, cocos Gram positivos ainda são os principais agentes etiológicos. Tradicionalmente, as bactérias Gram negativas são implicadas como causadores de endocardite infecciosa em paciente usuários de drogas endovenosas, entretanto, estudos recentes têm mostrado também, como fatores de risco, o contato com serviços de saúde e uso de dispositivos intra-cardíacos.
Objetivos
Relato de um caso de EI por bastonete Gram negativo não-HACEK secundário ao uso de marcapasso (MP), enfatizando grupos de risco e morbi-mortalidade associado a este perfil microbiológico.
Descrição do caso
Paciente ELR, 87 anos, em uso de MP implantado em dezembro de 2016 devido a BAVT, procura atendimento médico em março de 2017 devido a infecção de loja de MP, sem sinais de infecção sistêmica com hemocultura negativa, sendo tratado com antibiótico tópico e oral em regime ambulatorial. Paciente retorna após um mês com piora do estado geral, febre associados a abaulamento de ferida operatória em loja de MP, com flogose importante e flutuação local. Paciente avaliado pela equipe da Cirurgia Cardiovascular, telemetria mostrando independência do paciente em relação ao MP, sendo optado por retirada completa do sistema, com coleta de cultura e início de antibioticoterapia com piperacilina-tazobactan e vancomicina. Após 3 dias do procedimento, paciente evoluiu com quadro séptico, com comprometimento hemodinâmico seguido de PCR. Submetido a Ecocardiograma transtorácico (EcoTT) que evidenciou vegetação em valva tricúspide de 8mm, resultado de hemoculturas mostraram crescimento de Enterobacter clocae produtor de carbapenemase, sendo iniciada antibioticoterapia guiada com Meropenem e Polimixina B, e suspenso Vancomicina. Após tratamento guiado, paciente evolui com melhora clínica progressiva, com EcoTT de controle após 3 semanas sem vegetações.
Conclusões/Considerações Finais
EI por Enterobacter sp, ainda que rara, é uma etiologia que deve ser lembrada nos grupos de risco para EI por bastonete Gram negativo não-HACEK. Com o desenvolvimento de novos padrões de resistência a espectros antibióticos, as opções de tratamento vêm se limitando, apesar das evidências limitadas em relação ao tratamento a ser instituído e da elevada morbi-mortalidade associada ao caso, têm-se aqui um relato de tratamento eficaz com terapia dupla com polimixina associada a carbapenêmico.
Palavras Chave
Endocardite. Enterobacter produtor de carbapenemase. Dispositivos intra-cardíacos.
Área
Clínica Médica
Autores
VICTORIA PEREIRA DE LIMA, Cássia Pires Schneider, MÁRCIA LEYDIANE CORDEIRO, Lara Coimbra Ferreira