X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

A INFLUENCIA DOS FARMACOS ANTICOLINERGICOS NA FISIOPATOLOGIA DO DELIRIUM NO IDOSO: UM ESTUDO EM METANALISE

Fundamentação/Introdução

O delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica, caracterizada por alteração aguda do estado mental com curso flutuante de sintomas, sendo subdiagnosticada devido à inespecificidade de seus sinais clínicos . Foi demostrado que o envelhecimento está associado à diminuição da neurotransmissão colinérgica, sendo por essa razão consistente com o fato de que os idosos em uso de fármacos anticolinérgicos (FAC) são mais susceptíveis ao delirium.

Objetivos

Evidenciar a relação entre os FAC e os episódios de delirium no idoso.

Delineamento e Métodos

Analise de literatura especializada dos últimos 10 anos. Foram selecionados 15 estudos, alguns demonstrando a relação entre os episódios de delirium e fármacos anticolinérgicos FAC e estudos negando tal relação.

Resultados

O efeito antagonista competitivo dos FAC inativam os receptores muscarínicos M1 podendo resultar em: perda de memória; déficit de atenção; alucinações e agitação. Existe também uma relação com serotonina, noradrenalina e dopamina, e um desequilíbrio destes pode desencadear um estado confusional agudo. A despeito destas evidências favoráveis da hipótese colinérgica, ensaios clínicos têm resultados contraditórios. A utilização de drogas que aumentam os níveis de acetilcolina não determinou benefício na prevenção ou tratamento do delirium em alguns estudos. Um ensaio clínico randomizado duplo-cego, controlado com placebo, mostrou que a rivastigmina, inibidor da acetilcolinesterase, foi incapaz de evitar episódios de delirium em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca . Mais recentemente, avaliou-se o papel da rivastigmina no tratamento de pacientes com delirium em UTI, porém o estudo foi interrompido precocemente após a avaliação de 140 pacientes por não observar benefício na duração do delirium. Por outro lado, um estudo piloto com pacientes com acidente vascular cerebral, o uso de rivastigmina determinou redução da severidade do delirium.

Conclusões/Considerações Finais

Diversos distúrbios do metabolismo cerebral podem resultar em deficiência na acetilcolina. Lesões cerebrovasculares e trauma cranioencefálico são exemplos de súbitas liberações de acetilcolina, seguido de uma fase de déficit que pode durar algumas semanas. Apesar das evidências sobre a associação entre delirium e uso de FAC datarem desde os anos 60, a utilização destes permanece parte da terapêutica medicamentosa em várias situações e doenças comuns entre os idosos. Os profissionais de saúde devem estar cientes dos potenciais efeitos da utilização de FAC em idosos e, quando possível, considerar alternativas.

Palavras Chaves

Delirium, idoso, fármacos anticolinérgicos

Área

Clínica Médica

Autores

KENIA FERREIRA ROSA, ISABELA ABREU TORRES, DEBORA DUARTE GONÇALVES