X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: NEM TUDO QUE BRILHA E OURO, NEM TODO EXANTEMA E INFECCIOSO

Fundamentação/Introdução

Manifestações exantemáticas podem estar presentes em doenças infecciosas, hematológicas, vasculites e farmacodermias.

Objetivos

Relatar o caso de paciente com exantema de difícil diagnóstico.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 69 anos, residente em Santa Luzia/MG, admitida em julho de 2018 em Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com história de febre não aferida há 7 dias, exantema pruriginoso difuso iniciado em face, hiperemia ocular e lesões ulceradas em cavidade oral e vaginal. História de ICC grave (FE 24%), HAS, obesidade, asma e ansiedade. Em uso de espironolactona, furosemida, bisoprolol, digoxina, beclometasona, salbutamol, fluoxetina, amitriptilina e início de alopurinol há 25 dias. Sem histórico de alergias, picada de insetos, viagens, vacinação recente ou sintomas gripais. Aludida hipótese de sarampo, devido ao quadro clínico e situação epidemiológica recente no Brasil e transferida para o Hospital Eduardo de Menezes, referência em doenças infecciosas e dermatológicas em MG. À admissão apresentava-se levemente desidratada, estável hemodinamicamente, com bom padrão respiratório, hiperemia conjuntival bilateral, úlceras em mucosa jugal com secreção purulenta, exantema morbiliforme com acentuação perifolicular em mais de 90% da superfície corporal, com acometimento palmo-plantar, lesões petequiais e purpúricas, úlceras em mucosa vaginal com fundo limpo. Exames de admissão mostravam alteração de função renal e hepática, leucocitose leve sem desvio a esquerda. Um dia após internação evoluiu com hipotensão discreta, iniciado piperacilina/tazobactam e transferida para o CTI. Novo ecocardiograma mostrou FE 23%, iniciada dobutamina em dose baixa com melhora dos niveis pressóricos. Durante internação os exames mostraram sorologia para Rubéola e Sarampo IgM não reagentes, evolução com piora progressiva da função renal e hepática e hemograma com aumento de eosinófilos (até 745/mm3). Levantada hipótese de DRESS e iniciado corticoterapia. Evoluiu, posteriormente, com choque séptico de provável foco cutâneo e óbito.

Conclusões/Considerações Finais

A síndrome DRESS (Drug Reaction With Eosinofilia and Sistemic Symptoms) compreende quadro de reação adversa a medicamentos, com diagnóstico desafiador e potencial gravidade clínica devido ao acometimento multivisceral. A presença de exantema, febre, envolvimento sistêmico, aumento de eosinófilos e o uso recente de determinados medicamentos (especialmente anticonvulsivantes e alopurinol) auxiliam na suspeita de DRESS.

Palavras Chave

Farmacodermia, DRESS, exantema, efeito colateral.

Área

Clínica Médica

Autores

EMILLY DAMASCENO MARTINS, ISABELA OLIVEIRA BRUMANO, SARAH MARINHO ANDRADE FIGUEIRA, RICARDO LUIZ FONTES MOREIRA, SAULO MUSSE DIB